CONHECENDO O CALCANHAR

.Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gn 3.15b

Segundo a mitologia grega, Aquiles, belo e valoroso guerreiro, filho de Tétis – deusa do mar – quando criança teria sido mergulhado no rio Estirge para ser imortalizado. Porém, levantado pelo calcanhar para a imersão, aquela parte do corpo não molhou, ficando assim vulnerável. Seu adversário na Guerra de Tróia, Páris, acertou uma flecha exatamente naquela região e o mata. Daí surgiu a expressão “calcanhar de Aquiles” significando um ponto fraco. No entanto, à luz da medicina, o tendão de Aquiles conecta o músculo ao osso, gerando o movimento da articulação, curiosamente, é o mais resistente do corpo humano. Teria alguma relação com o ensinamento de Deus a Paulo que “... o poder se aperfeiçoa na fraqueza”? 2Co 12.9.

Devido a posição do calcanhar visto por detrás ou pelas costas, simbolicamente, sugere traição, ser surpreendido, ou de difícil defesa. Vislumbrando os dias da Paixão de Cristo, o salmista profetiza: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar” (Sl 41.9). Faltaria espaço se resolvêssemos esquadrinhar cada momento de decepção nas Escrituras e no dia a dia as empíricas. Quem não lembra da dor de Davi quando seu filho Absalão usurpa-lhe o trono? 

Mesmo considerando uma consequência dos erros do rei, jamais ele imaginaria tamanha traição, não só de seu primogênito, como de seu amigo íntimo e conselheiro Aitofel, avô de sua mulher Bate Seba. Parece uma relação de causa-efeito ou conditio sine qua non o pisar na cabeça da serpente com esta lhe ferindo o calcanhar. Se profeticamente ou condicionalmente, de fato os grandes vencedores expuseram seus calcanhares e alguns, ainda hoje, por amor à Obra de Deus, pagam um preço alto; a glória ao lado da humilhação. Caberia aqui a frase “não se pode fazer omelete sem quebrar ovos”.

O tão citado Jacó, aquele que lutou com o anjo e prevaleceu, em consequência da peleja, teve a articulação da coxa afetada e manquejava (Gn 32.31). Neemias venceu quase tudo na vida; só não contava com a ingratidão dos próprios irmãos judeus no final de seu ministério. O grande líder, Moisés, já administrando o povo no deserto, um reinício triunfante, uma nova etapa na vida..., mas a convivência com os críticos, inclusive de sua própria família, o impediu que entrasse na terra prometida. Se Moisés pudesse ler a carta paulina entenderia os incidentes: “Todos os que, piamente, querem viver em Cristo Jesus, padecerão perseguições” (II Tm 3.12). O profeta e pastor Samuel teve todos os ingredientes para uma receita de um lar santo e feliz; afinal, ele viu os erros do seu antecessor, Eli; mas também seu calcanhar estava exposto, seus filhos os envergonhara profundamente.

Por que Deus permite que a serpente fira nosso calcanhar? Seria o “espinho na carne”? Se assim deduzimos, explica a resposta ao apóstolo; “a minha graça te basta”. Os consoladores de plantão afirmam que pedras sempre vão de encontro às árvores frutíferas. Uma vida com o calcanhar blindado é humanamente impossível. Cada vez que leio incrédulos e crentes, intempestivamente, se levantando contra ministérios prósperos e líderes renomados, prestando desserviços ao Reino, vejo calcanhares feridos.

Comprovadamente, cumpriu-se em Jesus o dito à serpente simbolizando satanás. O Mestre foi traído pelas costas, mas não surpreendido; sabia que para isso veio ao mundo, como um cordeiro levado ao matadouro. Louvado seja o Eterno, pois a cabeça (da serpente) conheceu a derrota na cruz do Calvário, está consumado. Não cabe mais recurso para o adversário, o dono do time, o diabo, já foi vencido. Cristo o venceu!!!

Fraternalmente,                                                                                                                                                              

 Pr. Ednilson Pedro Sobrinho