Meios e Fins
Algumas máximas são comuns aos nossos ouvidos, dentre elas, a expressão “os meios justificam os fins” ou “os fins não justificam os meios”. Compreendendo o meio como método pelo qual e fins objetivo final, a reflexão a considerar se atém a atitudes tomadas para alcançar a qualquer preço o alvo determinado. O legal e o ético nem sempre andam juntos. Alguns até presumem conhecer a mente de Deus, sobre isto afirma a Bíblia: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.” (Isa 55.8). O cristão genuíno, aquele que realmente teme ao Senhor, põe sua vida sob a direção de Deus, isto é, em todas as áreas, não somente a espiritual, mas a sentimental, material, profissional e física. “Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?” (Rm11.34).
Outra frase que se tornou comum na sociedade é “o ser humano é complicado”. Daí nossa dificuldade em conhecer a mente de Deus, visto que sequer conhecemos nossa própria mente. No intrigante episódio relatado em Gênesis 38, que vem cortando a história da sofrida experiência de José, o inesquecível personagem de sonhos e realizações; aparece um pequeno trecho da vida de um de seus irmãos, Judá, aquele que teve a idéia de vendê-lo aos ismaelitas ao invés de matá-lo. Segue agora Judá em carreira solo, inicia sua família com a filha de um cananeu. Seus dois filhos, Er e Omã, em algumas versões bíblicas dizem que Deus os matou - o primeiro era perverso e o segundo, egoísta e rebelde. Porém, o mais inusitado estava por vir, Judá não cumpre a promessa à nora Tamar de casá-la com o cunhado Selá, o filho mais moço, em obediência ao levirato; esqueceu-se de sua obrigação.
Disfarçada e assentada no caminho onde passaria Judá e sua comitiva, Tamar é chamada pelo sogro que não a reconhecendo a confunde com uma prostituta. À luz da Bíblia, diferentemente do que muitos pregadores dizem, ela não era prostituta. No entanto, podemos conjeturar que ela iria aproveitar a oportunidade, mesmo de forma improvável, para obter benefícios. Aqui o campo de análises se descortina. O capítulo relata sua espera pelo filho mais novo de Judá. A primeira vista observamos uma mulher infeliz, desrespeitada, frustrada e desapontada. Ainda um casamento trágico, humilhada num segundo relacionamento, esquecida pelo sogro e órfã de um pai que poderia reivindicar seus direitos. Não sabemos ao certo se planejou a ação ou se a ocasião propiciou. Curioso como Deus permite que optemos os meios para determinados fins. José já era poderoso no Egito e preferiu omitir-se para ver o amor dos irmãos, do que a arrogância ou vingança.
Estamos rodeados de pessoas que não medem as conseqüências para obterem seus objetivos. Contrair inimizades, agir de má fé, afrontar o próximo, justificaria o alvo determinado? Utilizar de inverdades, corromper-se, e até envergonhar aqueles que o (a) amam é o preço do sucesso? Alguns até abandonam sua família em busca de um sonho.
No Getsêmani, Pedro não entendeu a proposta do Senhor que adquirisse uma espada aquele que não tivesse (Lc 22.36), pensava que Jesus falava da força física, mas referia-se a autoridade espiritual e principalmente à palavra. Os escândalos estão por toda parte, na podridão das politicagens, nos interesseiros de plantão, nos falsos líderes, nos adúlteros, na promiscuidade, na pornografia, nos caloteiros, nos murmuradores críticos, nos ingratos e muitos que estão fora das igrejas, e infelizmente, até dentro delas. Quanto vale sua dignidade?A Bíblia nos ensina: “Não erreis, Deus não se deixa escarnecer, tudo o que o homem semear, isto também ceifará” (Gl 6.7).
Meu pai, que já descansa no Senhor, era um bom homem, fiel, trabalhador e honesto. Por algum tempo os vícios o vencera, mas quando entregou sua vida a Jesus foi liberto. No entanto, o seu forte temperamento e senso de justiça ainda persistiam. Era evidente sua ira de indignação. Quando dei-lhe uma Bíblia de presente o Espírito Santo inspirou-me a inserir na dedicatória a seguinte passagem: “Ainda que o pecador lhe faça mal cem vezes e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus” (Ec 8.12). Portanto, às vezes o caminho para o sucesso é longo, como construir casa na rocha, mas é melhor que ser rápido, sem estrutura e longe da vontade de Deus.
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