TESTEMUNHO

Esta palavra não é das mais preferidas devido ao peso que representa. Porém, curiosamente, foi o último pedido do Mestre Jesus antes de ser elevado às alturas e encoberto por nuvens: “..., e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8b). O discípulo João, após compartilhar a revelação sobre a encarnação do Verbo que era Deus, inicia seu livro relatando o testemunho de João Batista a respeito daquele que ainda iria se manifestar para tirar o pecado do mundo. No terminar de seu registro, (Jo 21.24) também conclui ser o seu próprio testemunho. Não coincidentemente, a mesma expressão ele preconiza encerrando o Apocalipse.


No original grego a expressão que designa testemunho ou testemunha é “martyria”, que é a raiz de “mártir”; ou seja, para ser testemunha teria de estar consciente que a sua própria vida estava em risco. Com o passar dos tempos mudaram o sentido original significando, atualmente, alguém que, desinteressadamente, depõe sobre um fato do qual soube ou presenciou.


Ser chamado para ser testemunha não era um convite muito atrativo. Como você reagiria ao ser convocado para morrer por outra pessoa? Nós costumamos adequar o cristianismo à nossa conveniência. Afinal, “Deus não quer sacrifício”. Esta é a frase predileta de muitos que acreditam que Ele existe, querem ser salvos, mas... têm outras prioridades.


Aproximadamente, sete séculos antes do Cristo se tornar homem, o profeta escreveu pelo Espírito Santo: “...Vós sois as minhas testemunhas. Há outro Deus além de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça” (Is 44.8b). Seria a graça um meio pelo qual excluiria nossos esforços e dedicação ao Reino de Deus? Estaria Paulo equivocado ou exagerado aconselhando-nos a apresentar nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus? Sem entendimento ou radical ao declarar esmurrar a si próprio, abnegando-se, para não ser desqualificado? (Rm 12.1 e ICo 9.27)


Para alguns, o derradeiro mandamento do Senhor após quarenta dias de sua ressurreição, direcionava, simplesmente, ao grupo ali reunido no monte Olival; mas o Espirito Santo revela algo para nossos dias e a todos os chamados. Ele cita quatro lugares que sejamos testemunhas:

Jerusalém – Centro da religião, Cidade de Paz, lugar de fundação da igreja. Naquela época referia-se a região no sentido físico; para nós, certamente, não há necessidade de deslocarmos até lá, como pensam muitos líderes, para cumprirmos esta ordem; aqui, entendemos onde há maior quantidade de discípulos, logo, a igreja. Talvez seja o local menos difícil de testemunhar; ainda assim, a igreja precisa nos conhecer, compartilhar com os irmãos sua experiência é importantíssimo.


Judéia – Foi assim denominada pelo Império Romano por ser habitada e governada pelos judeus, portanto, uma província de Roma compreendendo além dos muros de Jerusalém, uma região próxima. Jesus não nasceu em Jerusalém, mas em Belém da Judéia. Consideremos esse local, simbolicamente, como os familiares, amigos e conhecidos. Diga-se de passagem ser desafiante dar um bom testemunho, principalmente na própria casa. Sua família te vê como um bom cristão? Nas redes socias nos identificam como tais? No trabalho, na faculdade ou nos cursos nos pedem oração? Este é o primeiro sintoma de uma doença chamada “mau testemunho”, se não pedem, é por não creem que temos vida com Deus.


Samaria – Centro da rejeição. Quer pela heresia, arrogância ou até pela discriminação, notabilizou-se como sendo uma oposição aos ideais judeus. Historicamente, seus habitantes perderam a essência da pureza da religião quando misturados a outros povos pelos Assírios. Enquanto na “Judéia” existe um interesse verdadeiro de ajudá-los pelo nosso testemunho, aqui o desafio é salvar aqueles que preterimos e os vemos como imerecedores. Como ser um mártir ou se dar por quem não amamos?
 
Confins da Terra – Sem limites, ter o espírito de um verdadeiro missionário. Não simplesmente usar o nome de um, tampouco um turista ou alguém que prefere distanciar-se dos familiares, viver uma aventura e fugir de suas obrigações. Mais do que locais específicos, compreendemos aqui um real escalonamento, isto é, como uma sequência gradual. Lembremos de Davi ao encarar o gigante Golias; convence a Saul que está preparado; e ele cita seu currículo: matou antes um leão e um urso, havia superado com eficiência alguns obstáculos. Agora estava pronto para “ir até os confins da terra”.

Jesus confiou a nós este glorioso evangelho para que sejamos suas testemunhas, e deixou-nos uma promessa: “...Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10b).                                                                                                            

                                                               Fraternalmente,                                                                                                                   Pr. Ednilson Pedro Sobrinho

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