LIVRES PARA SERVIR


Quer saber o valor da visão? Pergunte ao que a perdeu. O valor das pernas? Ao que não pode mais andar. O valor da saúde? Ao debilitado confinado em um leito. O valor da liberdade? Ao que está encarcerado. Valorizar o que se tem, também é uma forma de gratidão. A expressão do sentimento de profundo louvor a Deus pelas conquistas e benefícios, vai ao encontro do coração do Pai e assim cumprimos a Palavra: “Serví ao Senhor com alegria e apresentai-vos a Ele com cânticos...” (Sl 100.2).

Muitos não gostam da expressão ser um servo (a) do Senhor. Provavelmente por associarem com a escravidão, na qual o escravo apenas obedecia por temor do castigo. Porém servir a Deus é um grande privilégio. “Que é o homem, para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? (Sl 8.4).


Talvez o livro da Bíblia que melhor tipifica a relação servo e senhor seja a pequena carta de Paulo a Filemon. O apóstolo intermediava propondo o retorno de Onésimo, um escravo fugitivo, para seu antigo senhor, o discípulo Filemon. Algumas questões são levantadas neste episódio. A saber:
  * Reconciliação: Como dar uma segunda chance aos errantes?                                              * Fuga: Vale à pena viver fugindo de suas responsabilidades?                                                * Perdão: Ser perdoado não significa também que precisamos perdoar?                               * Nova vida: Ser nova criatura é justificativa para não reparar os erros cometidos no passado? A citação paulina, “...eis que tudo se fez novo”, não pode ser compreendida como um abandono de atribuições e prestação de contas com a sociedade e, principalmente, com as pessoas que ferimos.


Nem sempre o dizer que está livre significa, de fato, realmente estar livre. Há pouco tempo atrás, certo obreiro, em dívida com a justiça, recebeu voz de prisão em plena atividade ministerial. Deus perdoa nossos pecados, mas as consequências são iminentes. Como os parentes e amigos reagem à nossa nova maneira de viver? Glorificam a Deus pela nossa transformação ou passamos a imagem de meros religiosos insensíveis?


Sentir-se livre vai além do conhecimento de passagens bíblicas. Acima de qualquer ministério deve pairar o real compromisso com o evangelho na sua plenitude. A nova criatura que nasce restaurada pelo poder do Espírito Santo, devido conhecer a verdade que liberta, deve vivenciar essa verdade cumprindo os mandamentos do Senhor Jesus Cristo. Logo, é necessário para a própria consciência, entender que houve uma reparação dos erros. Ainda que em certos casos seja impossível a reposição, como, por exemplo, uma vida que foi tirada. No entanto, pedir perdão e tentar sanar o prejuízo, é o mínimo.


O famoso Zaqueu, após seu encontro com Jesus, propôs a reparação das suas injustiças com os contribuintes. Para se sentir livre, verdadeiramente, o único leproso dentre os dez curados, volta para dar graças a Deus. A mulher samaritana e o endemoninhado gadareno retornaram aos seus lares para testemunharem os milagres de Cristo em suas vidas. Eliseu, o profeta, também retorna à sua casa após seu chamado missionário, e se despede dos pais em sinal de respeito antes de partir com Elias.


Eis o detalhe que difere o verdadeiro discípulo dos seguidores; o compromisso em dar um bom testemunho de sua crença, não querendo que seja blasfemado e criticado o nome do Senhor pela sua conduta inapropriada.


Há homens livres em prisões e aprisionados que são livres. Obtive esta conclusão em 1987, quando trabalhava em evangelismo nas Penitenciárias do Rio de Janeiro. Um detento da Lemos de Brito, certo dia me confidenciou no pátio da carceragem o quanto estava perplexo, pois após receber a Cristo como Salvador e procurar serví-Lo de coração, já não se sentia um preso, mas totalmente livre. Enquanto muitos que transitam nas ruas, em liberdade, se encontram presos totalmente.


Multidões presas nas drogas, nos vícios, na corrupção, nas mentiras, no ódio, no medo, na idolatria, na fornicação, na prostituição, no adultério, nas inimizades, invejas e tantas outras prisões. Certamente existe um grande número que tem prazer em abençoar outras pessoas, semelhante a Onésimo, creem em Deus. Muitos procuram ser felizes, mas não conseguem sentir paz perfeita no seu coração. 


O nome “Onésimo” significa proveitoso, útil, desejo de servir..., observamos ter uma grande relação com o personagem bíblico. Mas só o desejo não basta. A felicidade ás vezes está mais próxima de nós do que imaginamos, necessitamos tomar a atitude certa e estar livre para servir.
                                                                  Fraternalmente,                                                                                                                          Pr. Ednilson Pedro Sobrinho
                                                     

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