“LEMBRAI-VOS DA MULHER DE LÓ” (Lc 17:32)


    Quais lembranças influenciam seu futuro? Afinal, as experiências dos outros são relevantes para nós? O passado pode ser ignorado? Estas e outras perguntas vêm à tona quando somos despertados e impactados na memória. O título se trata de um tema bem recorrente no meio evangélico, na tragédia da primeira cidade destruída por Deus após o dilúvio, é inevitável não lembrar da sentença e do castigo que receberam.

  
  Ninguém quer o destino da mulher de Ló. Lembrei-me dos tempos de infância quando apostando corrida com os colegas alguém dizia; “último a chegar é mulher do padre!” Esse provérbio português é até hoje repetido sem que saibam o seu significado. Há duas correntes, uma considerando ser uma corrida de meninas na qual a derradeira seria banida visto desconhecerem a mulher do padre. Outra corrente, considerando uma corrida de meninos, na qual o perdedor como tendo que fazer todos os serviços para o padre e até com certa insinuação pedófila. Seja qual for a real interpretação, a história da mulher de Ló também passa por conjecturas diversas.

   Jesus citou o aviso falando ao povo judeu sobre o Advento, na escatologia referindo-se ao final dos tempos; para trazer à consciência que não voltassem atrás, mas que prosseguissem para o alvo da total submissão e temor do Senhor. A anônima personagem, esposa de Ló, tornou-se um exemplo de rebeldia e descrédito. Quando foram enviados àquelas cidades anjos, que conduziriam a família do sobrinho de Abraão ao livramento, as condições foram bem explícitas: “... escapa-te por tua vida; não olhes para trás e não pares em toda esta campina; escapa lá para o monte, para que não pereças. ” (Gn 19.17b).

    Estranhamente, somente após Ló negociar trocar seu refúgio, ao invés do monte, uma cidade mais próxima; aquela pequena família formada por quatro pessoas, um casal e duas filhas, partem ao destino concedido. Porém, subitamente, o imprevisível aconteceu, a matriarca olha para trás e converteu-se numa estátua de sal. Uma desobediência que lhe custou caro!

  Desconhecemos o motivo pelo qual aquela mulher descumpriu a ordem divina – curiosidade? Afeição ao local? Bens materiais? Algo foi mais forte que a obediência a Deus. Olhar para trás adquiriu vários sentidos. Sem esquecer o contexto principal da rebeldia, vai desde saudade, nostalgia, remorso, pecado e até distração. O Mestre afirmou categoricamente que “aquele que lança mão no arado e olha para trás não está apto a entrar no Reino de Deus”. (Lc 9.26).

    Diferentemente de Noé que, além de seus três filhos, convenceu as noras a segui-lo; Ló não tinha a credibilidade dos genros e não os convenceu do juízo iminente. A bela vista panorâmica das campinas do Jordão o havia atraído a viver nas regiões de Sodoma e Gomorra, sua ótima condição geográfica com expectativa de um bom padrão de vida falou mais alto que estar debaixo da direção de Deus.

 Embora Pedro identifique-o como um justo (2 Pe. 2.7), percebemos algumas ações polêmicas de sua vida, como o deixar a sobra para seu mentor ao escolher seu destino, ficar assentado à porta da cidade, ser prolixo, medroso, com sinais de egoísmo e ociosidade; não era exatamente um marido que toda mulher poderia confiar. Mas é claro que independente dos erros de Ló não justificavam a imprudência da sua mulher.

Deus deu às mulheres uma grande porção de sensibilidade, muitas vezes tem melhor visão dos fatos que o homem. Deu-lhes a incumbência de edificar o lar; o poder de dar à luz um filho; a capacidade de fazer diversas coisas simultaneamente; e muitos outros dons. Sua participação pode alterar todo o futuro da sua família. A sabedoria aponta para a observação, devemos refletir nos exemplos que temos, assim como nos frutos e consequências para tomarmos decisões coerentes. Acima de tudo, coragem para ir em frente sem jamais olhar para trás!

                                                                                                                   Fraternalmente,  
                                                                                                                                                                                                             
 Pastor Ednilson Pedro Sobrinho.  



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