“SEGUI A PAZ COM TODOS E A SANTIFICAÇÃO, SEM A QUAL NINGUÉM VERÁ O SENHOR” (Hb 12.14)

    Russel Norman Champlin, Ph. D, declarou ser este versículo o mais importante de todo o Novo Testamento, pois mostra claramente a absoluta necessidade de santificação para que a salvação se consuma. E essa santificação é uma autêntica mudança moral em nós, uma revolução espiritual que nos torna tipos diferentes de seres, superiores e mais santos do quem os próprios anjos. Não se trata de mera declaração de imputação legal, por parte do tribunal celeste. Santidade remete separação, pureza, daí associamos com as palavras do Mestre Jesus; “ bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus. ” (Mt 5.8).

    Em outras passagens neotestamentárias a mesma ênfase é dada ao devido atributo. “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus. ” (2Cor 7.1). Em termos gerais, consiste no processo de sermos separados ou dedicados para expressar santidade para o serviço do Reino, tanto nesta terra como no céu, tanto neste tempo como na eternidade. “ Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra. ” (1Tes 4.3,4).

    Deus santifica, Cristo santifica, o Espírito santifica, mas o próprio crente também se santifica, cedendo à influência divina e aplicando os meios normais de adoração e purificação, como a oração, o estudo da Palavra e a meditação, além do buscar a comunhão com o Espírito Santo. Compete a cada discípulo aplicar a si mesmo os meios para alcançar o propósito final. A Bíblia revela com propriedade a responsabilidade da santificação imposta ao homem. “ Levanta-te, santifica o povo e dize: Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel...” (Js 7.13a). “Pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo”. (1Pe 1.16).

    Alguns entendem que para serem chamados santos teriam que viverem enclausurados, em algum deserto distante da sociedade ou longe do convívio com outras pessoas. Ainda existem os que interpretam santos, somente alguns poucos elementos que fizeram algum milagre e já estão mortos. Interpretações totalmente incoerentes com os princípios bíblicos, pois se ela ordena a santificação, logo, se trata de algo disponível para todos.

    As palavras do A.T. que se traduzem por santificação, santificar, e santo implicam uma separação. O fato fundamental, indicado pelo uso destas palavras, é a santidade do próprio Deus. Ele é Santo, é o Santo de Israel (2Rs 19.22; Sl 71.22; Is 1.4), e conforme observado, é requerida a santidade em todos aqueles que são Dele. E da mesma forma, tanto as pessoas como as coisas que estão associadas com o Santíssimo Deus, tendo sido separadas para o Seu serviço, adquirem uma relativa santidade. São pessoas, e coisas santas, estão santificadas. Estas mesmas palavras são do mesmo modo aplicadas ao dia de descanso (Ne 8.11; Ge 2.3), ao lugar da sarça ardente (Ex 3.5), ao tabernáculo (Ex 29.44), a Arão e seus filhos (Ex 28.41), aos seus vestidos (Ex 28.2), ao óleo da unção (Ex 30.25), à convocação (Ex 12.16), ao templo (2Cr 7.16), ao jejum (Jl 1.14; 2.15) etc.

    Este pensamento de separação mostra no A.T. que aqueles objetos e pessoas foram aprovados, quer dizer, santificados, como representando a operação do Espírito Santo no homem. “ E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles, para sempre” (Ez 37.28). no N.T. Jesus fala de Si próprio como sendo aquele “a quem o Pai santificou” (Jo 10.36), isto é, a quem o pai consagrou, separou para a Sua obra de redenção; e a Si mesmo se santificou para que os Seus discípulos fossem santificados na verdade (Jo 17. 17-19).

    A condição exposta em Hb 12.14 não deixa dúvidas quanto a necessidade de um processo de santificar-se. Se perguntássemos quantos querem ver a Jesus, certamente todos nutrem esta expectativa, no entanto, para vermos a Cristo na sua glória é imprescindível a nossa santificação. Curiosamente, neste versículo, o autor anônimo menciona a seguir a paz com todos. A conexão entre a paz e a santidade mostra-nos que, em um clima de harmonia, pode-se facilmente desenvolver a santificação dos crentes. Ou poderíamos considerar, a santificação, na forma de consagração a Deus e a princípios espirituais, como os próprios meios que criam a harmonia na igreja. A paz precisa ser cultivada, e a melhor maneira é mediante a santidade pessoal. Contendas e manifestações de carnalidade, de interesses próprios, indicam ausência de santidade.

    A expressão “ver ao Senhor” ou “ver a Deus” indica um galardão daqueles que se purificam do que é sensual ou mundano, salientando a glória toda suprema a ser revelada. “E qualquer que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo; como também ele é puro. ” (1 Jo 3.3). Afirmou Calvino: “ ... não veremos a Deus com outros olhos senão com aqueles que foram renovados segunda a sua imagem”. Que a nossa busca por santidade seja o nosso desafio diário.  
                                                                                                                             Fraternalmente,                                                                                                                    Pastor Ednilson Pedro Sobrinho.

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