COMO EXPLICAR DEUS?

    “Nada é igual ao seu redor/Tudo se faz no Seu olhar/Todo o universo se formou no seu falar/ Teologia pra explicar ou big bang pra disfarçar/Pode alguém até duvidar sei que há um Deus a me guardar/E eu tão pequeno e frágil querendo Sua atenção/No silêncio encontro resposta certa então/Dono de toda ciência, sabedoria e poder/ Oh! Dá-me de beber da água da fonte da vida/Antes que o Haja houvesse Ele já era Deus/Se revelou aos seus/ Do crente ao ateu ninguém explica Deus/Do Gentio ao Judeu ninguém explica Deus. ” (Clóvis Pinho)

    A letra dessa bela canção gravada pelo Grupo Preto no Branco tem feito muito sucesso. Até o presente momento, já passam de sessenta e três milhões o número de visualizações do clip no You Tub – um fenômeno! Como tudo que está muito em evidência sofre críticas, não é diferente com a música mencionada. Têm surgido enxurradas de polêmicas envolvendo essa obra musical. A começar, carece de amparo bíblico a comprovação do “tudo se faz no seu olhar”. Embora na linguagem poética possamos referir olhar como controle, não sabemos se a ideia era transmitir permissão ou participação na criação. Assim, talvez o “fez” seria mais cabível. Alguns argumentam uma infelicidade do compositor ao mencionar a teologia e o big bang no mesmo patamar de desqualificação. Porém, literalmente, a letra só frisa que a teologia é pra explicar, e não à especular.

    Analisando o contexto, precisamos ser justos em considerar a manifestação de fé que o autor expressa. Palavras como “sei que há”, “dono” e “dá-me de beber” sugerem, não só certeza de Sua existência e poder, como reconhecimento de dependência do mesmo. Uma corrente de críticos identifica até um relativismo exposto, baseados na expressão “ninguém explica Deus”. Conjecturam eles: “Visto que não se pode entender sobre Deus, logo, Ele estaria presente em todas as religiões. ” No entanto, o não se explicar Deus, podemos interpretar como o não conhecermos totalmente. O que não seria um absurdo, haja vista as Escrituras registrarem:  "Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? ” (Rom 11.34).

    O salmista, assim como o apóstolo Paulo, afirmam a maneira mais clara de conhecer ou explicar quem é Deus: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos”. “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis. ” (Sl 19.1 e Rom 1.20).

    Conta-se que uma criança perguntou ao pai qual o tamanho de Deus? De imediato o pai olhou para o céu e perguntou ao filho qual tamanho era um avião que os sobrevoava naquele momento? A criança lhe respondeu que era muito pequeno, e que quase não dava para ver. Então, o pai resolveu levar seu filho até ao aeroporto, e bem próximo do avião, perguntou: E agora qual é o tamanho? O menino, espantado, respondeu: É muito grande!! Moral da história, o tamanho ou a compreensão de Deus vai depender da distância que estivermos Dele. Pois quanto mais perto, mais intimidade, maior Ele é!

    Qualquer estudante de teologia pode identificar algumas características que explicam um pouco sobre Deus. Na verdade, aquilo que Ele mesmo revelou na Palavra. Atributos Naturais revelam sua essência; imutabilidade e eternidade. Já os Atributos Morais dizem respeito a determinados elementos do caráter de Deus. Dentre os mais conhecidos: A Veracidade de Deus (a mentira é incompatível com a natureza divina); Santidade; bondade; misericórdia; longanimidade e a Graça. Há também atributos incomunicáveis e comunicáveis. Estes manifestos no homem; como inteligência, moralidade, vontade..., e aqueles exclusivos do Criador; onipotência, onipresença, onisciência, eternidade, etc.

Existem ainda uma extensa listagem de atributos para melhor conhecer a Deus: Como AMOR, conforme João escreveu: Deus é amor. (1 Jo 4.8). Agrupados ao amor estão a misericórdia, a bondade, a graça e a longanimidade. O amor não anula a justiça e a santidade divina. Citaremos alguns outros também revelados nas Escrituras:

    Auto existência: Quando Moisés perguntou quem estava falando na sarça ardente, Deus disse: "Eu Sou o que Sou." Deus não tem começo nem fim. Ele só existe. Nada mais em todo o universo é auto causado. Só Deus. Na verdade, se alguma coisa o tivesse criado, essa seria Deus. Este é um conceito difícil para nossas mentes já que tudo o mais que encontraremos sempre vem de algo diferente de si. A Bíblia diz que no

princípio, Ele já estava lá.

    Justiça: A Bíblia diz que Deus é justo, mas é o Seu caráter que define o que realmente significa ser justo. Ele não se conforma a critérios exteriores. Ser justo traz equidade moral a todos. Quando há maus atos, a justiça exige que haja uma penalidade. Já que Deus é perfeito e nunca cometeu nenhum mal, nenhuma penalidade jamais seria necessária; porém, por causa do Seu amor, Deus pagou o preço por nossas más ações ao ir à cruz no nosso lugar. A Sua justiça precisava ser satisfeita, mas Ele cuidou disso a favor de todos os que creem em Jesus.

    Infinitude: Deus não conhece fronteiras. Ele é sem medida. Este atributo por definição influencia todos os outros. Já que Deus é infinito, tudo mais sobre Ele também deve ser infinito.

                                                                                       

    Soberania: Este é "o atributo pelo qual Ele governa toda a Sua criação". Também é a aplicação de Seus outros atributos de ser Onisciente e Onipotente. Deus é absolutamente livre para fazer o que sabe ser o melhor. Deus está no controle de tudo o que acontece. Importante frisar que, embora soberano, permite que o homem ainda tenha o livre arbítrio e, consequentemente, seja responsável por suas escolhas na vida.

    Ainda que nenhum homem tenha a capacidade de conhecer totalmente a Deus, contudo temos na Bíblia e na oração meios para O conhecermos melhor.

                       

                                                                                                                    Fraternalmente                                                                                                                                  Pr. Ednilson Pedro Sobrinho