NO CAMINHO DA INSTRUÇÃO




    “Quem não é contra nós é por nós.” /“Vós não sabeis de que espírito sois” (Lc 9.50b e 55b). Em ambas as frases citadas por Jesus retratam a sua discordância quanto ao procedimento dos seus discípulos. Diante daquele que expulsava demônio, alegaram que não andava com eles, ou seja, o homem não poderia ser um canal nas mãos de Deus devido não pertencer à “sua congregação”. Num momento posterior, os mesmos apóstolos, indignados pela rejeição dos samaritanos e querendo vingança, sugerem que Deus os consumam por não serem dignos de perdão. Consideravam-se superiores à “gentalha” e detentores da comunhão com o Mestre. Consequentemente, ouviram então uma das mais belas afirmativas do Bom Mestre: “Porque o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lc 9.56).    

    Muitas vezes precisamos aprender que seremos reprovados para sermos aprovados. Algumas características são bem presentes aos que pensam conhecer algo ou alguém, como atitudes precipitadas, julgamentos indevidos, ira, insensibilidade, ausência de compaixão, infelicidade..., dentre outras. O conhecimento, segundo Platão, é o conjunto de todas as informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. Receber o ensino deve estar atrelado a uma boa educação.  Há uma grande confusão quanto ao ensino e a educação. Enquanto ensinar é transmitir conhecimento, instruir; educar é um processo de formar caráter e valores. Existem pessoas educadas com pouca instrução, assim como os que receberam muito ensino, mas sem educação.
 
    No caminho da instrução encontramos quatro tipos que temos que conhecer:  

1- Primeiramente, conhecer a si mesmo – o que parece algo tão simples, deve passar por um olhar sincero da humildade. “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim ” (Sl 51.3). A máxima diz que para se conhecer alguém basta dá-lhe poder. Entretanto, um dilema: O poder corrompeu a pessoa ou só aflorou o que já havia de nocivo no seu coração? Infelizmente, até mesmo a universidade pode ser um laço para muitos que se deixam levar pela maioria e abandonam sua fé e convicções.

2- Conhecer melhor a Deus – Biblicamente, a fala de Jesus é clara: “Errais por não conhecer as escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22.29). O documento oficial de conhecimento do Altíssimo é a Bíblia Sagrada. Mas observe que Cristo acrescenta o poder divino como elemento a ser descoberto, ou vivenciado. Muitos leem, porém não creem no que leram. O bom relacionamento com o Criador é ditado pela submissão e fé: “O segredo do Senhor é para os que o temem; e ele lhes fará saber o seu concerto ” (Sl 25.14).

3- Conhecer os ardis do Diabo – Aqui mudamos o conhecer a personalidade para as suas ações, visto que não precisamos, necessariamente, conhece-lo. No mesmo Livro Santo descobrimos seu propósito elucidado por Jesus: “ O ladrão (Diabo) não veio, senão para matar, roubar e destruir...” (Jo 10.10ª). Na sua epístola, o apóstolo João declara que Jesus se manifestou para destruir as obras do Diabo ( 1 Jo 3.8b). Dentre seus ardis está a sedução, vícios, sexo ilícito, mentira, pornografia e muitas outras modalidades do inferno. Paulo chega a afirmar que “ o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Co 4.4). Afirma também que satanás, certa vez, impediu seu propósito (1 Tes 2.18); outrossim, orienta a igreja de Corinto que “não ignore seus desígnios” (2Co 2.11).

4- Conhecer melhor uns aos outros – A frase equivocada de Caim é até hoje soada aos ouvidos de Deus: “ Sou eu o guardador do meu irmão? ” (Gn 4.9). Quem disse que não temos responsabilidade uns com os outros? Se não há amor horizontal (às pessoas), como pode haver o vertical (a Deus)? Embora cada um tenha que dar contas de si, não significa que sejamos santos sem a solidariedade. “... pois aquele que não ama a seu irmão que vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo 4.20b). Relação claramente exemplificada por Jesus em seus últimos discursos: “... sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.40b).

Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem age para agradá-lo, será castigado com extrema severidade” (Lc 12.47). Portanto, pegando carona nos quatro pilares da educação, também precisamos aprender conhecer, aprender fazer, aprender ser e aprender a viver com os outros. O verdadeiro evangelho vai além das salas de aulas, nos remete dedicação e comprometimento com vigilância e amor.

                                                                              Fraternalmente
                                                                              Pastor Ednilson Sobrinho                  

Comentários

  1. Muito bom Pr Edmilson, equilíbrio perfeito das colocações bíblicas e citações, Glória a Deus, precisamos de fato entender o valor da educação bíblica para um crescimento pessoal e para uma crescimento de atitudes que agradam a Deus!!!
    Quando entendemos que o conhecimento do Evangelho de Reino de Deus de nada serve se não for manifestado na Vida do próximo passamos a viver uma vida com mais prática e menos teoria, é isso de fato vemos na Vida do Sr Pr, forte abraço, juntos pelo Reino!!!

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