FAMILIA DE DEUS

" Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus“ (Ef.2:19).

    Dois motivos ficam bem evidentes para que o apóstolo Paulo redigisse esta epístola à igreja de Éfeso: Incentivá-los a buscar uma vida de santidade digna da vocação que foram chamados, permanecendo em unidade; e trazer uma plena conscientização de sua posição em Cristo.

   Éfeso foi a primeira igreja asiática, uma importante capital da província romana e residência oficial do governador. Com uma localização privilegiada, próxima ao Mediterrâneo, porém encurralada entre a prosperidade e o paganismo. Famosa pelo culto à Diana e com um templo que até hoje é lembrado como uma das sete maravilhas do mundo.

    Apolo também pregou na cidade fazendo discípulos, contudo, precisou ser melhor orientado pelo casal Priscila e Áquila. Observa-se como característica peculiar e uma marca presente naquela sofrida congregação, a receptividade. Por conseguinte, em uma pequena carta há relatos de duas orações apostólicas: A primeira pedindo sabedoria, revelação e conhecimento e a outra para fortalecimento com poder e realizações.

    No livro do Apocalipse são lembrados os perseverantes de lá que não podiam suportar os maus (Ap 2.2), eram muito resistentes na provação, mas deixaram o primeiro amor. A menção da perda do primeiro amor nos remete a considerarmos o momento principal da chegada deste sentimento, que se dá mais pontualmente nos primeiros passos de uma caminhada. Como uma criança que aprende a andar ou já reconhece a figura paterna, é o prazer de uma boa novidade ou conquista. Assim como é de grande valia ao ser humano uma assistência familiar, em se tratando de laços consanguíneos, também o é no elo da família de Deus.

    Neste ponto do relacionamento, existe um paradoxo na igreja pós-moderna; o crescente volume de informação, dada a facilidade tecnológica atual; que nem sempre significa edificação, contrastando com a simplicidade do esquecido modelo familiar de unidade exemplificada no Corpo de Cristo. A massificação da mídia distorcendo os princípios elementares da igreja, assim como a miscelânea de conceitos doutrinários contemporâneos em detrimento ao respeito e ao amor que deve reger a célula mater, seja humana ou celestial.

    Já dizia o filósofo ser a família o esteio da sociedade. Afinal, o que significa esteio? É o amparo, sustentáculo, tem a ver com proteção e estrutura. Sem o esteio a casa pode cair. Sem a convicção de que somos sociais não há sociedade. Embora sejamos parte da igreja, o intitular-se “ser igreja” como um rompimento de relação solidária com uma instituição, pode-se escambar para o lado egocêntrico e fugir dos propósitos da comunhão ensinados nas Escrituras. Literalmente, o “chamado para fora” (termo traduzido da expressão igreja) importa agregar com outros chamados para fora. É o famoso “auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte...“ (Ef 4.16).

    Curiosamente, enquanto Pedro intitula o cristão de forasteiro e peregrino (1Pe 2.11), Paulo alega que não o somos mais. Calma! Não há contradição. Aquele se referindo à nossa estadia neste mundo temporária e não adequação ao sistema mundano pecaminoso, e este a compreensão de já estarmos ligados a uma nova comunidade, a celestial, adotados, portanto, por uma nova família.

    Devemos ter uma identificação como pertencentes à família de Deus. Neste sentido sob três aspectos: fundamento, crescimento e comunhão. “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus a pedra angular” (Ef. 2.20). Quando a estrutura é sólida evita-se muitos danos na construção. O fundamento deles foram a fé em Cristo e a submissão à Palavra. “No qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor” (Ef 2.21). O termo ajustar está associado com a harmonia, que na música só é possível quando combinadas as notas entre si. Parafraseando, o ajustamento vem de Deus utilizando circunstâncias e canais humanos. Sem ajustamento não há crescimento saudável.

    E por derradeiro, uma comunhão obtida através do processo do crescimento. “No qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito. (Ef 2.22). As famílias, normalmente, acolhem pessoas, outorgam direitos e deveres e expressam amor. No reino de Deus não é diferente, pois o propósito do Pai é habitar em nós – relacionamento com intimidade. É ter comunhão com a igreja e esta o representá-Lo neste século. Alguém pode perguntar, e o fruto? É uma consequência do bom plantio. Desde a preparação do solo, passando pela irrigação, acompanhamento e colheita no tempo certo. “Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus"(1Cor 3.9) 

    Recentes pesquisas constataram que as árvores próximas umas das outras tendem a compartilhar nutrientes que as sustentam mutuamente. “... a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que Ele seja glorificado” (Is 61.3b).                                      

Parabéns por você pertencer a Família de Deus!!!

 

                                                                                                            Fraternalmente,

                                                                                                  Pr. Ednilson Pedro Sobrinho