PROSSEGUINDO PARA O ALVO

A palavra alvo é bem conhecida por duas significações. A primeira se referindo à brancura, lembra claridade e pureza; a outra compreendendo um objeto, normalmente redondo, para ser acertado, neste sentido, o alvo tornou-se uma meta, objetivo e até um desafio aos idealistas e determinados. Embora com definições distintas, encontramos na Bíblia um momento em que se fundem as duas proposições: “Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fl 3.14). Certamente o alvo de Paulo não se baseava em conquistas terrenas, mas de alcançar a luz inacessível (1Tm 6.16) da presença eterna do Salvador Jesus. Uma caminhada de labor, lágrimas, mas com certeza do porvir. Alguém disse certa feita que o único lugar onde a recompensa vem antes do trabalho é no dicionário.

    Esse homem que chegou a afirmar ter trabalhado no Reino mais que os outros apóstolos, pela graça de Deus (1Co 15.10b); ter tido visões e revelações tão fortes e íntimas que alegou não ser lícito relatar às pessoas (2Co 12.4). Esse mesmo servo, chamado por Deus para evangelizar gentios, reis, judeus e ainda sofrer pelo nome do Senhor (Atos 9. 15,16); ser aquele que traria as doutrinas para a igreja de Cristo. O único registrado nas Escrituras que foi evangelizado pelo próprio Jesus ressuscitado (atos 9). Que declarou falar em outras línguas mais do que todos (1Co 14.18). E ainda deixou registrado para consideração da igreja que suas mensagens não se formaram de palavras persuasivas de conhecimento, mas em demonstração do poder do Espírito. Com todo currículo citado ele surpreende os irmãos ao relatar: “ Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fl 3.12).

     Um balde de água fria para os presunçosos, arrogantes e preguiçosos que descansam em berço esplêndido da indiferença e comodidade da religiosidade tradicional ou acadêmica. Impossível não lembrar do discurso proferido por Jesus atestado por João. Dentre outras coisas, asseverou: “Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá” (Jo 6.57). Após o mesmo discurso, muitos dos seus discípulos o abandonaram, fato que o incitou a perguntar aos doze se também queriam deixa-lo. Conhecemos a resposta dada por Pedro: “...para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o santo de Deus” (Jo 6.68,69).

    O mesmo Pedro ensinou a necessidade de sermos contristados por várias provações para confirmação do valor da fé (1Pe 1.6,7). Embora não estejamos debaixo da Lei de Moisés, isto não significa dizer estarmos desregrados. As regras acompanham toda a nossa vida. Conhecemos diversas leis que, quebradas, os infratores estarão passivos de sentenças disciplinares. Na epístola ao jovem ministro, Paulo afirma: “Da mesma forma, nenhum atleta é coroado como vencedor, se não competir de acordo com o regulamento” (2Tm 2.5 - versão King James Atualizada).

    Reportando a experiência do lendário arqueiro Guilherme Tell subtraímos um bom ensinamento quanto a desafios que nos sobrevêm. Colocado à prova devido não se encurvar à idolatria e tirania de sua época (aprox. 1300 D.C.), teria de acertar com sua flecha uma maça a certa distância para que não morresse. Até aí, tudo bem! O problema era que a maça estava na cabeça do seu próprio filho. Infelizmente, enquanto algo não afeta a nossa vida ou das pessoas que realmente amamos, não nos preocupamos como deveríamos.

    Errar o alvo torna-se circunstâncias da vida e que nem sempre sentimos as consequências de imediato. Ser ferido e ferir é conduta humana. Até que a tribulação ou mesmo novos projetos batem à nossa porta e precisamos agir corretamente - acertar o alvo. O nosso herói teve sucesso no seu desafio, enquanto muitos preferem trocar seus alvos. Viver com constantes mudanças e indefinições que facilitem suas metas; algumas delas afetando o próprio caráter, negativamente. Desonrando o Eterno e suas raízes. Aquela aliança de profissão de fé no batismo, em servir o Criador, é relegada a segundo plano.

   No método de “competição” do apóstolo Paulo há uma palavra que pode ser a chave de todo o sucesso: esquecer. Não no sentido de ingratidão, mas de superação. Escrevendo aos filipenses enfatiza a frase “uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fl 3:13b,14). Nos dando a entender ser imprescindível o foco celestial.
  
    Que influência o passado tem sobre nosso presente? Quando são lições de vida para erguer o nosso moral é ótimo. Lamentável quando nos desperta sentimentos que nos afastam do alvo determinado por Deus. Em algumas versões encontraremos a expressão “deixar” substituindo esquecer, o que talvez se aproxime da realidade, conquanto deixar é mais fácil que esquecer. Podemos citar uma lista de situações a deixarmos. Iniciando pelo pecado, que conduz às trevas; a ira, a intolerância, o egoísmo, as traições, os tropeços, as acusações...

    Em tempo de chuva é improvável dirigir sem um limpador de para-brisas, assim como óculos embaçados não permitem boa visualização. A primeira atitude é enxergar bem o destino. O filósofo já dizia que se não sabemos que Porto queremos aportar nenhum vento nos será favorável. O apóstolo reconhece sua limitação, mas ousa prosseguir. Quantos em face uma desilusão, mágoas e ressentimentos, injustiças – muitas delas oriundas até de líderes ou referências; decepções, descrenças..., e muitas outras, param sua caminhada?

    Temos dito que o estado mais grave na vida do cristão é quando ele despreza o tratamento. Como sarar quem não quer ser sarado ou não reconhece a enfermidade? O Mestre Jesus ao reencontrar o paralítico que curou junto ao tanque de Betesda, já no templo, ordenou-lhe: “não peques mais, para que não te suceda coisa pior” (Jo 5.14b)

    É comum as crianças que andam de mãos dadas com os pais por vezes tropeçarem. Quem nunca ouviu uma frase ríspida de correção? Ouvimos nossos pais alertarem:  “Olha pra frente menino (a)! ” Enquanto os tropeços são apenas circunstancias e sem gravidade, continuamos com as mãos dadas com o Pai, porém há incidentes que podem levar a acidentes. Daí a necessidade de não perder o alvo, que é Cristo. “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7.21).         

                                                                                                            Fraternalmente,

                                                                                      Pr. Ednilson Pedro Sobrinho

Comentários

  1. Muitas das vezes pastor é necessário parar, refletir, entender pra só depois voltar à caminhar. Pois ações mal resolvidas geram ações negativas. Recomeçar é a palavra, olhar pra frente é a palavra, mas confiante do que se fez foi realmente entendido, resolvido e que não mais o fará errar o alvo.Confiança e esperança são as palavras do inicio da certeza de novamente acertar o alvo.

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