“O PODER DA ORAÇÃO”


    A frase proferida pelo Senhor Jesus no Getsêmani aos discípulos, tem ecoado como um clamor até os dias atuais: “Então, nem uma hora pudestes vós velar comigo? ” Algumas versões aparece a palavra vigiar ao invés de velar. Na conclusão dessa pergunta, logo no versículo abaixo, não deixa dúvida sobre o que acompanha a vigilância: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação, o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt. 26. 40b e 41). Naquele episódio do Jardim, Mateus registra por cinco vezes menção da oração e por três vezes de vigiar; isto em apenas dez versos. 

    A exemplo de Jesus, esperando solidariedade nos discípulos, que eram a igreja de então; também o apóstolo Paulo roga o auxílio da congregação neste sentido; “Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre vós;” (2Tes 3.1). Aqui um claro registro de objetivo da oração. Diferente que muitos religiosos acreditam, de que a oração não influencie o agir de Deus porque “feriria sua soberania”; o Deus Eterno ainda atende às nossas súplicas e conclama a igreja a orar. Aliás, curiosamente, o maligno também utiliza a mesma estratégia argumentativa de incrédulos para que os fiéis não clamem por mudanças na sociedade. Uma acomodação e indiferença associada à incredulidade escondida atrás de um sentimento de resignação de falsa humildade recostado numa consciência de que tudo já foi determinado antecipadamente.


    Deus tem promessa de paz se a igreja orar. Assim relatou o apóstolo a Timóteo, após exortar à oração... “em favor dos reis e de todos que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1Tm 2.2). Nas palavras do próprio Filho de Deus; “ Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. “ (Mt 18.19). “E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão". (Mt 21:22). Semelhante incentivo à fé, manifestada através da oração, afirma as Escrituras: “.... Tudo é possível ao que crê. ” (Mc 9.23).

    Indubitavelmente, nestes tempos finais, o Altíssimo tem despertado muitos acerca da importância da oração. Não me refiro a determinado círculo de oração, mas para todos que amam a Deus e a Sua obra. Acima de tudo, a intercessão retrata o nível de fé; quem acredita de forma consistente tem mais sede de Deus, se preocupa mais com as pessoas e, consequentemente, busca e pede mais. Dessa forma, a oração passa de um ato religioso a ser um autêntico estilo de vida – impossível viver sem a prática da mesma.

    Há pouco tempo falou-se tanto em cuidar e valorizar seus líderes, haja vista acontecimentos trágicos envolvendo suicídios se tornarem públicos. O melhor exemplo de apoio ministerial é encontrado no Velho Testamento, na batalha de Refidim ( Ex 17), cujo significado é “lugar de descanso ou refrigério”. Na primeira menção do nome de Josué na Bíblia, ele é direcionado por Moisés a pelejar contra Amaleque e foi tranquilizado que seu líder estaria no monte intercedendo por ele. Arão e Hur acompanhavam Moisés e observaram que quando a mão dele estava erguida, Israel prevalecia; porém abaixada, era derrotado. Não consta nessa passagem alguma reivindicação ou reclamação de Moisés pela ausência de apoio; no entanto, aqui percebemos a principal característica de bons discípulos – ser um bom observador. O estar atento aos fatos proporciona um despertamento para agir.  


    Não basta andar junto com seu discipulador, mas guardar os exemplos e estar atento às necessidades. Naquele momento o auxílio para o profeta era uma pedra para assentar e mãos que o ajudassem no seu ministério de intercessão. A parceria trouxe a vitória! Algumas pessoas têm dificuldades em perceberem a necessidade de participarem do plano de Deus como intercessores. Seja pela falta de amor, incompreensão, obstáculos, insegurança, pouca fé e até pela preguiça; há sempre empecilhos para essa árdua e honrosa tarefa. “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei” (Ez. 22.30). 

    Não seria este o motivo de tantas dissensões e polêmicas nas igrejas, assim como destruição de lares; a ausência de tapadores de brechas? A busca da própria valorização e ser reconhecido lembra o irmão do filho pródigo, indignado. Ao ver a alegria do pai pelo retorno do seu irmão perdido, comenta que nunca ganhou um cabrito para festejar com seus amigos. O problema, na verdade, não era o cabrito, mas a falta de misericórdia e de relacionamento íntimo com seu pai. Não podemos conhecer bem alguém se não falarmos com a pessoa; tampouco podemos conhecer melhor a Deus sem falarmos com Ele. 

    Mesmo no tempo da graça encontramos termos que perduram na interpretação divina. Como exemplo, o sacerdócio real. Pedro adjetiva o povo de Deus de raça eleita, nação santa e sacerdócio real. (1Pe 2.9). O véu já foi rasgado! Jesus é o nosso sumo sacerdote e pastor. Para que somos sacerdotes então? É simples, basta entender a função devida. Para que serve um sacerdote, senão para interceder? Seja num “quarto de guerra”, nas vigílias, nos cultos, nas casas, nas ruas..., onde quer que você estiver; clame ao Senhor que Ele o ouvirá. 

    “Dai voltas às ruas de Jerusalém; vede agora, procurai saber; buscai pelas suas praças a ver se achai alguém, se há um homem que pratique a justiça ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela.” (Jer. 5.1). Aos menos atentos, observem que o perdão é para ela, e não para ele. Ela quem? A cidade que estava em pecado. Buscar a verdade vai muito mais além que sentar e pesquisar livros; é ansiar a presença de Deus através da oração. Não podemos ficar fora desse grande mover do Pai das Luzes! Não podemos ocultar o chamado em nossa vida! Não podemos nos render às artimanhas do diabo para nos calar! Não podemos ser pessimistas! “Ponha a tua boca no pó; talvez ainda haja esperança” (Lam. 3.29)
    
                                                                                     Fraternalmente,
                                                                                     Pr. Ednilson Pedro Sobrinho

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