“REDE DE RELACIONAMENTO APOSTÓLICO”
Derivado do latim retis; fios entrelaçados formando uma espécie de tecido, a palavra rede adquiriu significados diversos a partir da noção de malha, estrutura, etc. Segundo pesquisadores, o conceito mais comum de rede nos dias atuais deriva da Biologia. Ao estudarem os ciclos da vida e teia alimentar, afirmavam que a rede é o único padrão de organização comum a todos os sistemas vivos; isso já na década de 1920. Desde a confecção rede como descanso, rede de pescar, rede de computadores, de televisão, de empresas..., e tantas outras; atualmente, a rede mais famosa é a rede social, ou seja, uma relação entre as pessoas.
Sabemos que uma rede de relacionamento, por vezes, pode trazer edificação, sucesso, desenvolvimento, conhecimento e, inevitavelmente, alguns dissabores. A mais famosa ferramenta de relacionamento, a do Facebook, denomina os associados ou integrantes que comungam algo entre si de amigos. Embora nem sempre as redes apresentam uma verdadeira amizade, sem dúvida, é um meio eficaz de comunicação. Costumo dizer que não podemos abrir mão de uma faca na cozinha, mesmo sabendo que ela também pode tirar uma vida. Assim, podemos utilizar determinados objetos ou veículos para o bem ou para o mal.
Parece estranho uma comparação dos tempos atuais com a rede de relação de um apóstolo de Cristo! Porém, em um momento que Paulo escrevia ao discípulo Timóteo, sua segunda correspondência, expõe um detalhado balanço de sua vida. Após uma forte frase de realização; “combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé...” (2Tm 4.7a); ele relata as decepções e necessidades como qualquer ser humano. Tendo em vista que sua situação na época não era das melhores, privado de sua liberdade, ainda que cumprindo a sua pena em domicilio, era um prisioneiro. Impedido de viajar, visitar, pregar ou mesmo administrar igrejas. Acrescentando à sua sentença, respirava constantemente as ameaças do perverso imperador Nero, ferrenho perseguidor dos cristãos. O apóstolo Paulo precisava de apoio espiritual, material e também social.
Sua primeira reivindicação foi que seu discípulo, receptor da carta, viesse o mais rápido possível ao seu encontro: “Procura vir ter comigo depressa” (2 Tm4.9) – o que levaria dias. E logo a seguir o desabafo de perceber que a sua rede de relacionamento se dissolvia - alguns se excluindo ou o abandonando. O escritor cita três amigos: Demas, Crescente e Tito. O primeiro que saiu da sua rede foi por motivo de mudança de foco. Paulo diz que ele passou a “amar o presente século”. Aqui uma clara alusão de valorização ao materialismo, o que o mundo lhe podia oferecer. Os discursos de salvação e santificação certamente já não o atraía. Abandonou, não só a amizade do instrutor, como, supostamente, a própria fé.
Demas é citado no Novo Testamento por três vezes, sempre nas saudações e em companhia do médico Lucas, como um cooperador (Col 4.14; Fm 24). O seu nome é uma forma abreviada de Demétrio que deriva-se de Demeter (deusa da agricultura). Na língua grega, Demétrio significa “consagrado à mãe terra”. Para muitos o “amar o presente século” pode não compreender uma apostasia, mas sim uma sedução por cuidados materiais, ou egoísmo, ou a preocupação de perder sua vida pelas mãos de Nero. Outros, no entanto, interpretam uma adequação de conformidade com o mundo, buscar poder ou riquezas...
É curioso observar que a expressão “amou” detém um peso que difere da atração. A Palavra Santa enfatiza: “ Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2.15).
Crescente, outro que deixou seu líder, somente aparece uma vez o seu nome. Desconhecemos se permaneceu fiel ao evangelho, mas certamente buscou outras redes de relacionamento. Finalmente Tito, fruto do seu trabalho em Antioquia. Seu pastor chegou considera-lo como “verdadeiro filho, segundo a fé comum” (Tt 1.4). É notório que as epístolas, assim como vários livros da Bíblia, não estão organizadas cronologicamente; há um consenso que a carta que Paulo escreveu a Tito antecede a segunda carta endereçada a Timóteo, portanto, não podemos afirmar sua perseverança na doutrina.
Com a naturalidade e sinceridade de pessoas que entendem a necessidade de estar junto a outras para compartilhar, ouvir e ser ouvido, valorar os amigos, Paulo apela que Timóteo traga o Marcos, pois somente o Lucas estava com ele. Havia direcionado o Tíquico para Éfeso e sofrido com os males causados por Alexandre, um adversário do ministério paulino. Aprendemos que numa rede de relacionamento não curtimos o que muitos fazem, adicionamos às nossas amizades os conhecidos antigos e alguns que conhecemos superficialmente, conscientes que podemos futuramente nos surpreender positiva ou negativamente.
No último ato do Mestre, no episódio da crucificação, temos um grande exemplo da importância do testemunho e também da falta da unanimidade. Dois homens estavam sendo crucificados ao lado de Jesus, mas com manifestações antagônicas; um ironiza e o despreza, outro lhe honra. Por mais paradoxo que seja, nem todos que estão ao seu lado ou com você compartilham de seus sonhos, projetos e realizações; entretanto, lembremo-nos sempre, Deus não nos abandona! Ratificando este entendimento e impossibilitando que a raiz de amargura o contaminasse, mesmo reconhecendo que todos o abandonaram, Paulo ameniza: “que isto não lhes seja posto em conta” (2Tm 4.16b). O juízo pertence a Deus.
Fraternalmente,
Pr. Ednilson Pedro Sobrinho
Sabemos que uma rede de relacionamento, por vezes, pode trazer edificação, sucesso, desenvolvimento, conhecimento e, inevitavelmente, alguns dissabores. A mais famosa ferramenta de relacionamento, a do Facebook, denomina os associados ou integrantes que comungam algo entre si de amigos. Embora nem sempre as redes apresentam uma verdadeira amizade, sem dúvida, é um meio eficaz de comunicação. Costumo dizer que não podemos abrir mão de uma faca na cozinha, mesmo sabendo que ela também pode tirar uma vida. Assim, podemos utilizar determinados objetos ou veículos para o bem ou para o mal.
Parece estranho uma comparação dos tempos atuais com a rede de relação de um apóstolo de Cristo! Porém, em um momento que Paulo escrevia ao discípulo Timóteo, sua segunda correspondência, expõe um detalhado balanço de sua vida. Após uma forte frase de realização; “combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé...” (2Tm 4.7a); ele relata as decepções e necessidades como qualquer ser humano. Tendo em vista que sua situação na época não era das melhores, privado de sua liberdade, ainda que cumprindo a sua pena em domicilio, era um prisioneiro. Impedido de viajar, visitar, pregar ou mesmo administrar igrejas. Acrescentando à sua sentença, respirava constantemente as ameaças do perverso imperador Nero, ferrenho perseguidor dos cristãos. O apóstolo Paulo precisava de apoio espiritual, material e também social.
Sua primeira reivindicação foi que seu discípulo, receptor da carta, viesse o mais rápido possível ao seu encontro: “Procura vir ter comigo depressa” (2 Tm4.9) – o que levaria dias. E logo a seguir o desabafo de perceber que a sua rede de relacionamento se dissolvia - alguns se excluindo ou o abandonando. O escritor cita três amigos: Demas, Crescente e Tito. O primeiro que saiu da sua rede foi por motivo de mudança de foco. Paulo diz que ele passou a “amar o presente século”. Aqui uma clara alusão de valorização ao materialismo, o que o mundo lhe podia oferecer. Os discursos de salvação e santificação certamente já não o atraía. Abandonou, não só a amizade do instrutor, como, supostamente, a própria fé.
Demas é citado no Novo Testamento por três vezes, sempre nas saudações e em companhia do médico Lucas, como um cooperador (Col 4.14; Fm 24). O seu nome é uma forma abreviada de Demétrio que deriva-se de Demeter (deusa da agricultura). Na língua grega, Demétrio significa “consagrado à mãe terra”. Para muitos o “amar o presente século” pode não compreender uma apostasia, mas sim uma sedução por cuidados materiais, ou egoísmo, ou a preocupação de perder sua vida pelas mãos de Nero. Outros, no entanto, interpretam uma adequação de conformidade com o mundo, buscar poder ou riquezas...
É curioso observar que a expressão “amou” detém um peso que difere da atração. A Palavra Santa enfatiza: “ Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2.15).
Crescente, outro que deixou seu líder, somente aparece uma vez o seu nome. Desconhecemos se permaneceu fiel ao evangelho, mas certamente buscou outras redes de relacionamento. Finalmente Tito, fruto do seu trabalho em Antioquia. Seu pastor chegou considera-lo como “verdadeiro filho, segundo a fé comum” (Tt 1.4). É notório que as epístolas, assim como vários livros da Bíblia, não estão organizadas cronologicamente; há um consenso que a carta que Paulo escreveu a Tito antecede a segunda carta endereçada a Timóteo, portanto, não podemos afirmar sua perseverança na doutrina.
Com a naturalidade e sinceridade de pessoas que entendem a necessidade de estar junto a outras para compartilhar, ouvir e ser ouvido, valorar os amigos, Paulo apela que Timóteo traga o Marcos, pois somente o Lucas estava com ele. Havia direcionado o Tíquico para Éfeso e sofrido com os males causados por Alexandre, um adversário do ministério paulino. Aprendemos que numa rede de relacionamento não curtimos o que muitos fazem, adicionamos às nossas amizades os conhecidos antigos e alguns que conhecemos superficialmente, conscientes que podemos futuramente nos surpreender positiva ou negativamente.
No último ato do Mestre, no episódio da crucificação, temos um grande exemplo da importância do testemunho e também da falta da unanimidade. Dois homens estavam sendo crucificados ao lado de Jesus, mas com manifestações antagônicas; um ironiza e o despreza, outro lhe honra. Por mais paradoxo que seja, nem todos que estão ao seu lado ou com você compartilham de seus sonhos, projetos e realizações; entretanto, lembremo-nos sempre, Deus não nos abandona! Ratificando este entendimento e impossibilitando que a raiz de amargura o contaminasse, mesmo reconhecendo que todos o abandonaram, Paulo ameniza: “que isto não lhes seja posto em conta” (2Tm 4.16b). O juízo pertence a Deus.
Fraternalmente,
Pr. Ednilson Pedro Sobrinho
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