SACRIFÍCIO
“Não conseguindo fazer isso, por causa da multidão, subiram ao terraço e o baixaram em sua maca, através de uma abertura, até o meio da multidão, bem em frente de Jesus” (Lc 5.19).
O que estamos dispostos a fazer para ajudar alguém? Quando a boa vontade e a solidariedade se torna um sacrifício? Valeria à pena um grande esforço e até uma exposição pública por apenas uma pessoa? E se for uma pessoa desconhecida? Estas e outras perguntas talvez nos causem um desconforto, sobretudo quando somos confrontados com a realidade egoísta que vivemos e certamente temos muitas justificativas para nos esquivarmos da prática cristã. Sempre que ouvimos a frase “Deus não quer sacrifício”; analisamos dois momentos bíblicos. O primeiro e muito lembrado se deu na desobediência do ímpio rei Saul, guardando o melhor das ovelhas, bois e outros animais para, segundo ele, oferecer sacrifício ao Senhor; contrariando a expressa ordem divina. Ouviu do homem de Deus, Samuel, que o Senhor não tem tanto prazer assim por sacrifício e que “o obedecer é melhor do que o sacrificar” (ISm 15.22b).
Em outro momento, no Novo Testamento, encontramos: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). Haveria contradição nas passagens acima citadas? Certamente que não; esta se referindo à voluntariedade e entrega total de nossa vida à serviço do Reino, e aquela considerando que a obediência será sempre mais importante. Originariamente, sacrifício, significa “tornar um ato sagrado”; embora para nós compreenda uma privação ou se abster de um bem ou um direito.
É claro que, em se tratando da salvação, Jesus já se sacrificou por nós. A sua morte, embora suficiente para cumprir a justiça de Deus, não exclui as nossas atribuições de uma vida de santidade e renúncia, visto que o servo não é maior que o seu Senhor, tampouco o apóstolo Paulo, maior doutrinador da graça, era favorável à indiferença e omissão. “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma” (2 Co 12.15a). Ainda mais incisivo sobre o tema foi João: “ Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1Jo 3.19).
Algumas situações no ministério de Jesus ficaram bem evidentes com propostas de sair da mesmice e empreender algum esforço para alcançar o benefício almejado. Foi assim com o cego Bartimeu, ecoando seus gritos pelas ruas de Jericó (Mc 10.48); o publicano e rico Zaqueu também viu na escalada de uma figueira brava a solução para ver Jesus (Lc 19); o “telhado” da mulher siro-fenícia foi sua total humilhação após uma aparente discriminação (Mt 15.27), e diferentemente dos anteriores que pediam para si, ela intercedia por sua filha. É impossível não lembrar do episódio da mulher do fluxo de sangue que se esforçou fisicamente dentre a multidão e teve a ousadia de tocar no Rei.
Vistoriando o Velho Testamento encontramos um insistente Eliseu, que a despeito da ordenança do seu mestre que não o acompanhasse, obstinado, não se sentiu constrangido a deixa-lo, antes buscando até o último momento a sua recompensa ao lado de Elias. Poderíamos lembrar do famoso “sacrifício” de Naamã, pois aquele seu “telhado” estava mais dentro do seu próprio ego. Qual pai não gostaria de ver um filho que não medisse esforço para conseguir seus propósitos, justamente, e por uma boa causa? Já imaginou estar cego repentinamente e Deus mandar você entrar em uma cidade para que receba lá orientações não sabendo de que se tratam? Paulo vivenciou esse fato.
Existe um filme que gostaria que todos assistissem, “Até o último homem”, baseado em uma história real, dirigido por Mel Gibson. Com muita coragem e esforço sobre-humano, o herói Desmond Doss abre mão de utilizar uma arma para somente salvar vidas. Muito emocionante! O que nós faríamos de sacrifício por apenas uma alma? Confesso que tenho muita dificuldade para entender o famoso “espirito do natal”. O mês de dezembro tem o apelo da fraternidade, seja pelos comerciais, canções, alusão do “bom velhinho” e até mesmo na lembrança do “menino Jesus”. No entanto, mesmo com esse forte apelo poucos querem estranhos na sua mesa de ceia, há muitas doações de brinquedos quebrados para crianças carentes, além de roupas envilecidas e obras sociais sazonais como desencargo de consciência; sem contar as reconciliações de fachadas. O verdadeiro natal se dá em nosso coração quando nascemos uma nova criatura que representa o próprio Cristo.
Pode ser que muitos se prestem a subir no telhado por uma causa própria, porém somos encorajados a fazermos grandes esforços em prol do nosso próximo. Existem aqueles que, semelhante ao texto bíblico, são impedidos de verem Jesus devido a multidão da religiosidade formada à volta do Senhor que não quer perder seu espaço, além de ser vista pelos mais eminentes. Há ainda um outro grupo que só é movido pela multidão, embalados pela galera. Precisamos rever nossos conceitos urgentemente. Se não queremos nos sacrificar por ninguém pode ser um sinal que ainda não conhecemos verdadeiramente o autor e consumador da nossa fé. Considerando, inclusive que como diz as Escrituras: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tg 2.17).
Fraternalmente,
Pr. Ednilson Pedro Sobrinho
O que estamos dispostos a fazer para ajudar alguém? Quando a boa vontade e a solidariedade se torna um sacrifício? Valeria à pena um grande esforço e até uma exposição pública por apenas uma pessoa? E se for uma pessoa desconhecida? Estas e outras perguntas talvez nos causem um desconforto, sobretudo quando somos confrontados com a realidade egoísta que vivemos e certamente temos muitas justificativas para nos esquivarmos da prática cristã. Sempre que ouvimos a frase “Deus não quer sacrifício”; analisamos dois momentos bíblicos. O primeiro e muito lembrado se deu na desobediência do ímpio rei Saul, guardando o melhor das ovelhas, bois e outros animais para, segundo ele, oferecer sacrifício ao Senhor; contrariando a expressa ordem divina. Ouviu do homem de Deus, Samuel, que o Senhor não tem tanto prazer assim por sacrifício e que “o obedecer é melhor do que o sacrificar” (ISm 15.22b).
Em outro momento, no Novo Testamento, encontramos: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). Haveria contradição nas passagens acima citadas? Certamente que não; esta se referindo à voluntariedade e entrega total de nossa vida à serviço do Reino, e aquela considerando que a obediência será sempre mais importante. Originariamente, sacrifício, significa “tornar um ato sagrado”; embora para nós compreenda uma privação ou se abster de um bem ou um direito.
É claro que, em se tratando da salvação, Jesus já se sacrificou por nós. A sua morte, embora suficiente para cumprir a justiça de Deus, não exclui as nossas atribuições de uma vida de santidade e renúncia, visto que o servo não é maior que o seu Senhor, tampouco o apóstolo Paulo, maior doutrinador da graça, era favorável à indiferença e omissão. “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma” (2 Co 12.15a). Ainda mais incisivo sobre o tema foi João: “ Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1Jo 3.19).
Algumas situações no ministério de Jesus ficaram bem evidentes com propostas de sair da mesmice e empreender algum esforço para alcançar o benefício almejado. Foi assim com o cego Bartimeu, ecoando seus gritos pelas ruas de Jericó (Mc 10.48); o publicano e rico Zaqueu também viu na escalada de uma figueira brava a solução para ver Jesus (Lc 19); o “telhado” da mulher siro-fenícia foi sua total humilhação após uma aparente discriminação (Mt 15.27), e diferentemente dos anteriores que pediam para si, ela intercedia por sua filha. É impossível não lembrar do episódio da mulher do fluxo de sangue que se esforçou fisicamente dentre a multidão e teve a ousadia de tocar no Rei.
Vistoriando o Velho Testamento encontramos um insistente Eliseu, que a despeito da ordenança do seu mestre que não o acompanhasse, obstinado, não se sentiu constrangido a deixa-lo, antes buscando até o último momento a sua recompensa ao lado de Elias. Poderíamos lembrar do famoso “sacrifício” de Naamã, pois aquele seu “telhado” estava mais dentro do seu próprio ego. Qual pai não gostaria de ver um filho que não medisse esforço para conseguir seus propósitos, justamente, e por uma boa causa? Já imaginou estar cego repentinamente e Deus mandar você entrar em uma cidade para que receba lá orientações não sabendo de que se tratam? Paulo vivenciou esse fato.
Existe um filme que gostaria que todos assistissem, “Até o último homem”, baseado em uma história real, dirigido por Mel Gibson. Com muita coragem e esforço sobre-humano, o herói Desmond Doss abre mão de utilizar uma arma para somente salvar vidas. Muito emocionante! O que nós faríamos de sacrifício por apenas uma alma? Confesso que tenho muita dificuldade para entender o famoso “espirito do natal”. O mês de dezembro tem o apelo da fraternidade, seja pelos comerciais, canções, alusão do “bom velhinho” e até mesmo na lembrança do “menino Jesus”. No entanto, mesmo com esse forte apelo poucos querem estranhos na sua mesa de ceia, há muitas doações de brinquedos quebrados para crianças carentes, além de roupas envilecidas e obras sociais sazonais como desencargo de consciência; sem contar as reconciliações de fachadas. O verdadeiro natal se dá em nosso coração quando nascemos uma nova criatura que representa o próprio Cristo.
Pode ser que muitos se prestem a subir no telhado por uma causa própria, porém somos encorajados a fazermos grandes esforços em prol do nosso próximo. Existem aqueles que, semelhante ao texto bíblico, são impedidos de verem Jesus devido a multidão da religiosidade formada à volta do Senhor que não quer perder seu espaço, além de ser vista pelos mais eminentes. Há ainda um outro grupo que só é movido pela multidão, embalados pela galera. Precisamos rever nossos conceitos urgentemente. Se não queremos nos sacrificar por ninguém pode ser um sinal que ainda não conhecemos verdadeiramente o autor e consumador da nossa fé. Considerando, inclusive que como diz as Escrituras: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tg 2.17).
Fraternalmente,
Pr. Ednilson Pedro Sobrinho
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