ORAÇÃO COMO ESTILO DE VIDA


Não tenho dúvida que a oração está diretamente ligada à questão, ou ao nível da fé; “...porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11,6b). Acreditar que Deus existe também não significa dizer que se acredita na importância ou eficácia da oração. Poeticamente, declaram que a oração move a mão de Deus; embora não encontremos, literalmente, esta expressão na Bíblia, é explicitado que “a oração de um justo, pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16b). O número de vezes que constatamos a manifestação divina mediante o clamor de seus filhos nas Escrituras, é inquestionável!

O respeitável filósofo dinamarquês e posteriormente teólogo, Soren Kierkegaard (1813-1855) defendia a tese sob a qual “a função da oração não é influenciar Deus, mas especialmente mudar a natureza daquele que ora”. Podemos dizer um sonoro “principalmente” na análise de mudança, através da oração como parte da sua própria vida; sem desconsiderar, certamente, que o Eterno contempla um coração quebrantado e contrito. Impossível desassociar o clamor com a certeza de que há ouvinte! “Eis que a mão do Senhor não está encolhida para que não possa salvar, nem o seu ouvido agravado, para não poder ouvir” (Is 59.1).

Se a ordem é “pedi, e dar-se-vos-á” e “aquele que pede recebe”(Mt 7); “nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2b); “orai sem cessar” (ITes 5.17); “quero pois que os homens orem em todo o lugar” (ITm 2.8a); “perseverai em oração, velando nela com ações de graças” (Col 4.2); “buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55.6)... e tantas outras centenas de passagens estimulando a oração, a pergunta é: Por que oramos tão pouco?

Normalmente o cristão, no início da sua caminhada, tende a cometer alguns erros, mas pior ainda quando é ensinado equivocadamente. Muitos de nós já nos desculpamos a alguém por não podermos orar em público, devido reconhecermos que não sabíamos orar. É aí que um “mais experiente” e bem-intencionado logo procura corrigir o neófito dizendo que todos sabem orar, que é só fechar os olhos e falar com Deus o que você quiser que Ele ouve. Que Ele ouve, é fato; no entanto, perde-se uma grande oportunidade de ensinar como Jesus ensinou aos discípulos quando indagado acerca deste ato. “Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos” (Lc 11.1b). Prontamente o Mestre tratou de orientar seus seguidores.

Em apenas três pequenos versículos encontramos uma fonte preciosa de como nos relacionarmos com Deus”! Diferentemente do que muitos imaginam, a famosa oração do Pai Nosso não é para ser recitada como um mantra, até porque, deixaríamos de pormenorizar nossas necessidades, conforme alude Pedro, “Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade porque Ele tem cuidado de vós” (IPe 5.7). É inadmissível que alguém vá ao médico e não diga onde está doendo. Assim, Jesus nos trouxe, na verdade, um modelo a ser seguido. Seria de bom alvitre nos aprofundarmos em cada item, porém ficará para outra oportunidade, visto que aqui procuraremos sintetizar ao máximo para um entendimento prático.

O Senhor nos trouxe quatro etapas para uma oração: A primeira, iniciando o clamor, honrando-O, adorando-O, submetendo-se a Seu senhorio e com gratidão. “Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino” (Lc 11.2b). No evangelho de Mateus (6.10) acrescenta-se “seja feita a tua vontade”. Se não temos nada a agradecer, como adorá-lo? Mesmo na escassez e lamento temos muito que agradecer. Aprendemos que principiamos a oração exaltando ao Pai. A segunda etapa é expressar as suas necessidades básicas, ato também de reconhecer a dependência Dele. “Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano” (Lc11.3). No terceiro momento as necessidades espirituais, conscientes que para recebe-las existe um condicionamento, isto é, dar para receber. “E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve” (Lc 11.4a). Aqui um grande espaço para confessar pecados e fazermos uma introspectiva de nossa vida.

E por último, e não menos importante, a declaração de completa dependência do sustento divino. Ratificando o salmo 127, “...Se o Senhor não guardar a cidade em vão vigia a sentinela”. Aqui um poderoso antídoto contra a soberba, primeiro pecado conhecido. “...; e não nos conduzas em tentação, mas livra-nos do mal” (Lc 11.4). Confesso que em mais de três décadas servindo a Deus, não consegui substituir esta frase, recito-a literalmente. Você pode estar perguntando onde está o espaço da intercessão, fundamental à nossa vida? Lembra do “dar para receber” no terceiro momento? Ali está inserido, assim como não podemos esquecer o encerramento, como disse Jesus: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o pai seja glorificado no filho” (Jo 14.13).

Costumo sempre observar a oração como um ato de relacionamento. Você conseguiria andar com seu melhor amigo durante um dia inteiro sem lhe dirigir uma palavra? Deus quer te ouvir. O ideal é investirmos um tempo de qualidade na oração, e não uma oferta de Caim. Com amor e disciplina, ajudados pelo Espirito Santo nós conseguimos.

Fraternalmente,
Pr. Ednilson Sobrinho


Comentários

  1. Tudo que quizermos ter, temos que desejar para o próximo, o resto DEUS fará.

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