CONDICIONAMENTO


Tendo por definição, “ato ou efeito de condicionar; ação ou fato de tornar dependente de condição, obrigação, cláusula etc.”; é também compreendido como “um processo de aprendizagem e modificação de comportamento através de mecanismos estímulo-resposta sobre o sistema nervoso central do indivíduo”. Através das definições acima citadas, já podemos observar situações na nossa vida que agimos por puro condicionamento, seja positiva ou negativamente. Podemos aceitar algo automaticamente nas frases de alguém que admiramos, reputando infabilidade; como podemos rejeitar uma nova proposta devido ser ela diferente das nossas convicções ou pela fonte que a proferiu.

Quebrar um paradigma não é algo fácil. Como um jogador de futebol que só chutasse com a esquerda tenha que aprender a utilizar o pé direito para chutar. Conheço pessoas que são “ninadas” pelo barulho de um ventilador. Outras não conseguem decidir algo na vida sem que receba o endosso de alguém de sua confiança. O processo de uma nova visão é inadmissível para muitos que não admitem o contraditório. Thomáz Edison realizou mais de 1200 experiências frustrantes até inventar a lâmpada elétrica. Há uma grande quantidade de pessoas infelizes por viver condicionada ao passado e rejeitando uma mudança.

Um fato somente registrado pelo apóstolo João nos faz refletir sobre a possibilidade do improvável. Ele relata o encontro de um paralítico com a sua cura, depois de 38 anos enfermo. Jesus o encontra deitado às margens de um tanque próximo à Porta das Ovelhas, em Jerusalém. Era um local frequentado por muitos doentes, visto que alguns obtinham a cura ao descer às águas no momento em que ela se agitava, um privilégio concedido ao primeiro que lá entrasse. Não sabemos o período exato que aquele paralitico ficou ali, mas há muito tempo, certamente, conforme afirma as Escrituras.

Sua presença naquele lugar não sensibilizou ninguém da multidão, ao ponto de ele próprio responder a Jesus quando perguntado se queria ser curado: “Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim” (Jo 5.7).  O Mestre às vezes fazia alguma pergunta que, embora a resposta fosse óbvia, de alguma maneira ele queria ouvir do necessitado a resposta. Foi assim com Bartimeu, o cego; naquela casa em Cafarnaum ao perguntar o que era mais fácil, afirmar estar perdoando os pecados ou curar? E até mesmo ao ordenar que os discípulos dessem de comer à multidão antes do milagre da multiplicação.

É notório o condicionamento do assíduo frequentador frustrado do tanque. Na sua ótica, a cura só poderia acontecer por intermédio de alguma alma caridosa que o lançasse nas águas. Sua confiança e dependência, em primeiro lugar, estava no homem; e este, paradoxalmente, também era o culpado de seu insucesso. Colecionando fracassos e vendo outros obterem resultados, inexplicavelmente, ainda assim, não desistia. Talvez aquelas cenas contribuíssem como um combustível para sua permanência no local, afinal, aquela maneira de ser agraciado era a única que visualizava.

Muitas pessoas param de viver, de acreditarem no futuro e em Deus devido não aceitarem uma nova estratégia ou mesmo a mudança de um curso. Homens e mulheres com a síndrome de Gabriela (Eu nasci assim, vou viver assim...), irredutíveis na arrogância, só porque não foi exatamente como elas gostariam que tivesse ocorrido, fazem beicinho e permanecem doentes, física, emocional e espiritualmente, resistindo em aceitar uma mudança.

Por vezes parece que até ficamos cegos e surdos, não entendendo o que está acontecendo. Observe que Jesus não perguntou ao paralitico o porquê ainda estava ali enfermo, mas sim se queria receber o milagre. A mente condicionada e cauterizada tem dificuldade de entender coisas novas. Como alguns que só querem melhorias conforme suas especificações. O que temos atribuído culpa ou condicionando nossa esperança e felicidade? “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9.62). O cristão que empresta seus ouvidos ao negativismo e vive condicionado a amargura e a nostalgia não consegue mudar a sua história e corre um grande risco de perder a própria fé.
Fraternalmente,
Pr. Ednilson Sobrinho
pastorednilsonsobrinho.blogspot.com

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PREPARADO PARA SER MOLDADO POR DEUS?

CONHECENDO O CALCANHAR

O VERDADEIRO SIGNIFICADO DO CARNAVAL