APRENDENDO A CONTAR
“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” Sl 90.12
Certamente que este verso expresso por Moisés em seu único salmo registrado, vai muito além da questão numérica e podemos afirmar ser em dos segredos de uma vida reta na presença do Altíssimo. Sua petição é um contraste com a brevidade da vida humana e evidencia um caminho ou processo pelo qual adquirimos sabedoria.
Aprender a contar requer paciência, inteligência e um bom senso de observação. Meu pai mal tinha o primário, mas todos os seus seis filhos aprenderam as chamadas quatro operações dentro de casa. Me lembro que era um exímio jogador de damas, não tinha pressa em a mover as pedras de lugar. Talvez este fator reflexivo o levou aceitar o convite do filho mais novo a conhecer o plano da salvação e abrir seu coração para Jesus. As grandes invenções e afirmativas científicas surgiram de grandes observadores. A própria esperança requer sair “das tendas” e olhar para o céu, como fez Abraão sob ordenança divina para avivar a promessa.
Ainda sobre exatas, uma frase que muito marcou minha infância foi a que “matemática não se estuda, mas se exercita”. Por isso a grande maioria dos alunos têm dificuldade nesta matéria. Afinal, pensar é algo que o mundo contemporâneo luta para extinguir da nossa natureza. Seria por que a atual geração prefere os fast food e sem muito trabalho? Quem já enfrentou os chamados problemas nas provas, sabe que a melhor maneira de os resolver é atentar bem para os enunciados. Quantas vezes precisamos rever algo para entendermos perfeitamente? Nem sempre ganhar tempo ou adquirir algo de imediato é sinal de sucesso. Judas adquiriu trinta moedas de prata em um dia e no outro se arrependeu do negócio. Certo menino deu tudo o que tinha; cinco pães e dois peixinhos, e alegrou milhares. Por vezes o ganhar pode ser o perder e o perder, ganhar; depende da motivação e ponto de vista.
Quem está se alegrando com você? Quantos participaram das suas lutas e se regozijam com suas vitórias? O rei Belsazar não pensou duas vezes, entre o prazer temporário com os amigos e a responsabilidade com as coisas de Deus; a satisfação terrena falou mais alto e, consequentemente, foi “pesado na balança e achado em falta” (Dan. 5.27). Há muitos correndo para alcançar aquilo que está tão próximo. Outros passam toda uma vida desenfreadamente focando realizações ou suposta felicidade; e depois percebem que custava tão pouco. Tão ruim como não alcançar o que, para a sociedade, seja sucesso; é depois constatar que não valeu à pena.
Temos aprendido que certas falas adquirem um peso maior em se tratando do lugar onde proferida. A passagem do título deste texto em um funeral, por exemplo, tende a despertar nas pessoas acerca do valor da existência. Ver o fim, ainda que de outrem, nos leva a refletir sobre a razão da vida, ao menos naquele momento. Se lembrarmos que Moisés havia dito anteriormente: “Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta...” (Sl 90.10a); conclui que passamos rapidamente como a flor da erva; ou seja, como dizia o filósofo; “O Tempo, como grande professor; mata os alunos antes de acabar o curso”. Uma grande realidade!
Valores que são substituídos durante o curso da vida são confrontados com os princípios estabelecidos por Deus e geram drásticas consequências. Não podemos voltar para consertar pois “aos homens está ordenado morrerem uma vez e em sequência o juízo” (Hb 9.27). O buscar a alegria do coração sem olhar para trás e o sentimento egoísta e ingrato testificam que Deus não está fazendo parte dos planos, mesmo que tenhamos uma boa justificativa. Se não amamos ou valorizamos o irmão, verdadeiramente, não é uma mudança de lugar que nos fará pessoas melhores. Se o produto é o mesmo, não é o rótulo que o modificará.
O evangelho, bem como os exemplos simples e revelações extraídas das escrituras são verdadeiras fontes de enriquecimento físico, emocional e espiritual. Inexplicavelmente, há fortalecimento até por intermédio das crianças, conforme ratifica o salmista: “Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador” (Sl 8.2). Paulo afirmou: “Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós” (Fil 3.1b). O que pode ser uma mesmice para alguns para outros é certeza de contar os seus dias valorizando todos os dias.
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