PÁTRIA DE CHUTEIRAS OU DESCALÇA?
Quem
poderia imaginar que 64 anos depois do fatídico “maracanazo” (derrota do futebol brasileiro para o uruguaio
em pleno Maracanã) sediaríamos novamente uma Copa do Mundo? Naquela época o
Brasil não era conhecido como o país do
futebol, pois nunca havia ganho sequer uma copa. Atualmente, após erguer 5 taças atraiu, definitivamente, a atenção do planeta nesta modalidade esportiva.
A
partir de 1970, a cada quatro anos, o povo vivia intensamente e apaixonadamente
a competição, poucas coisas eram mais importantes, e mesmo na ditadura militar,
com repressões e censuras, era como um anestésico. Ruas enfeitadas, música,
alegria e otimismo marcavam o evento. Agora, alguma coisa está mudando. Mesmo
com todo barulho dos patrocinadores, do comércio em geral e da mídia,
percebe-se, facilmente, inexistir a unanimidade de apoio.
Se
entrássemos pelo contexto político este espaço seria pequeno e dar-se-ia a
impressão ser mais um movimento ou manifestação contrária à Copa.
Discorreríamos sobre custas dos estádios e seu legado – positivo ou negativo;
os meios de transportes deficitários; segurança duvidosa; preços exorbitantes
dos ingressos; e consideraríamos a equipe vencedora antecipada, a milionária
FIFA. Lembraríamos o descaso com a saúde e educação – profissionais
desvalorizados; pífios investimentos de políticas públicas dada a demanda
populacional.
Outrossim,
olhando para o social, ainda mais questionamentos faríamos. Um país mergulhado
nas drogas, altos índices de criminalidade, o sem-teto, sem-terra, os sem
vergonha da corrupção; prostituição – adulta e infantil; e tantas outras áreas
passivas da observação e medidas das autoridades constituídas, as quais,
denotam profunda indiferença. Em detrimento a estas questões, indubitavelmente,
o povo brasileiro é apaixonado pelo futebol.
Apesar
das análises acima, a nossa proposta reflexiva não prioriza a crítica ao
governo, tampouco entendemos como sinal de patriotismo a dedicação ao
acontecimento com torcida incondicional pelo escrete canarinho. Visto que o verdadeiro
amor à pátria não passa, necessariamente, pelas chuteiras, mas sim pelo
cumprimento de nossos deveres e obrigações enquanto cidadãos; tributando e
zelando pelo patrimônio da nação; se informando para eleger os idôneos como
representantes; se preocupando com a grande maioria que está descalça, e,
principalmente, apontando o sacrifício de Jesus no Calvário pelo qual obtemos a
salvação.
Lembro-me
de um famoso técnico de futebol que retornando ao Brasil após um triunfo no
exterior, queria privilégios alfandegários no desembarque. Questionado por um
indignado repórter jornalístico, irritou-se. Alegou que aquele profissional e o
país lhe deviam muito por suas conquistas no esporte. Como resposta, o
jornalista, sabiamente, discordou: Ele nunca pagou minhas contas e nunca
ajudou-me, assim, como lhe devia? De fato, vencer uma competição é como cumprir
sua função com êxito. Sendo o mesmo pago, e bem pago, para este fim.
O
futebol, como qualquer esporte para os espectadores, deve ser um mero
entretenimento, e não uma guerra ou algo imprescindível e imperdível. Dar a
atenção como sendo uma causa nobre e paixão, constitui uma grande incoerência,
sobretudo para os convertidos. Uma grande prova de que o ato não caracterize
real patriotismo, basta comparar com outros esportes cujo apelo da mídia é
menor, não há qualquer interesse. Com exceção dos participantes, nunca soube de
alguém ficar transtornado porque o Brasil perdeu no golfe. Não se esqueça: como
discípulos de Cristo, somos libertos pelo sangue de Jesus.
Finalizando,
devemos ter cuidado com o ufanismo, que é uma espécie de otimismo nacionalista
regado à presunção e jactância. É o prato predileto dos fanáticos. Aprendemos
com a Bíblia que a primazia da nossa busca deve ser o Reino de Deus e a sua
justiça. Portanto, a menos que seu trânsito seja impedido ou corra riscos sua
integridade física, NÃO FALTE AOS CULTOS E COMPROMISSOS ECLESIÁSTICOS DEVIDO O
FUTEBOL. Quem sabe esta não é uma boa oportunidade para provar ao Senhor o
quanto você deseja honrá-lo.
Fraternalmente,
Pr.Ednilson Pedro Sobrinho
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