PODE ALGUMA COISA BOA VIR?

Alguns fatores influenciam diretamente para absorvermos pessimismo e resistência aos motivadores de plantão. Frases como: “Já vi esse filme antes”; “o mundo vai de mal a pior”; “sou realista, nada vai mudar”; “sou macaco velho” ...; e tantas outras incontáveis, denotam um sentimento de pouca expectativa positiva. Considerando que até mesmo na adversidade pode-se extrair coisas boas, não seria oportuno avaliar o que de útil existiu?”.

 Por mais doloroso e repugnante que seja, conhecemos na pandemia políticos e militantes capazes de desejar ou mesmo propiciar a morte de compatriotas, inclusive desviando verbas destinadas a respiradores e afins em nome do poder e ganância. Tudo isso, estranhamente, sendo ignorado pelas mídias tradicionais; mais preocupadas na derrocada do governo. Enxergar a realidade, pensamos ser algo bom, assim como perceber uma oportunidade de nos conhecermos melhor.

 Um chamado para a gloriosa Obra de Deus passa por certos questionamentos, inerente de qualquer ser humano. A maior dificuldade se abriga na mentalidade formada de preconceitos, discriminando e polemizando atos. Na Bíblia há registro de um convite feito pelo já discípulo, Filipe ao amigo Natanael, a fim de leva-lo a seguir o mestre Jesus. Não foi uma tarefa fácil, haja vista ele responder com um tom de desprezo e ceticismo. Sendo informado de que o Messias seria de Nazaré, cidade da Galiléia, Natanael, também conhecido por Bartolomeu, perguntou quase ironicamente: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa? ” (Jo1. 46a).

  O que torna as escrituras ainda mais admirável e única é o fato de renovarmos nosso entendimento a cada leitura! Há tempos que lendo essa passagem, só via a ausência de conhecimento do Filipe, semelhante àquele crente que não examina a Palavra. Embora, de fato, pelas profecias o Cristo não nasceria em Nazaré da Galiléia, mas em Belém da Judéia; conforme aponta o profeta Miquéias: “E tu, Belém Efrata, embora pequena demais pra figurar entre os milhares de Judá, sairá de ti para mim aquele que será o governante sobre todo Israel, cujas origens são desde a eternidade” (Mq 5.2); outros conceitos permeavam a visão do convidado.

A cidade de Nazaré não encontra um único registro no velho testamento. Além do que, historicamente, sua reputação não era das melhores, assim como a própria região da Galiléia. “Inocentando” um pouco Filipe, em momento algum ele disse que o mestre havia nascido lá, mas sim que ele era de lá, ou seja, criado lá. Certamente residiu por quase três décadas na região.

Teria o grande conhecimento bíblico de Natanael corroborado para rejeitar o convite do amigo? Teria sido por puro preconceito daquele local? Não podemos afirmar, mas Jesus expôs as virtudes daquele resistente convidado: “Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo! ”(Jo1.47b). Não fora a insistência do Filipe, talvez não fosse contado entre os doze.

A desconsideração ou banalização por certo convite pode se dar por vários motivos. No caso mencionado na palavra, a expertise e a discriminação se manifestam; enquanto muitos desprezam o chamado do Senhor ou de seus seguidores pelo simples fato de se fecharem ao novo. O que também se caracteriza na fidelidade religiosa; “nasci assim e vou morrer assim”, dizem. As decepções também formam barreiras de oposição e resistência, bem como o descrédito para com o mensageiro.

Não raramente, justificam: “Quem é você para me ensinar ou mostrar a verdade, vivendo todo errado?” Como se a embalagem do presente fosse mais importante que o conteúdo. O próprio apóstolo Paulo declarou: “Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em verdade, nisto regozijo e me regozijarei ainda...” (Fil 1.18a). Noutro texto; “Olhando para Jesus autor e consumador da fé...” (Hb12.2a).

Se analisarmos a trajetória de Filipe, perceberemos um servo inconstante ou de pouca maturidade. Em três episódios retratam suas características. Na multiplicação dos pães (Jo. 6), respondendo a Jesus depois que este, testando-os, ordenou que alimentassem a multidão; trazendo números em análise natural acerca da impossibilidade de atendê-lo. Noutro momento, procurando André, demostrando insegurança para levar alguns gregos que queriam ver Jesus (Jo. 12); e por último, no marcante discurso de preparação para despedida em João 14, ouvido o mestre ministrar sobre sua comunhão com o Pai, interrompe: “Mostra-nos o Pai, o que nos basta”; de imediato foi repreendido por Jesus atestando a falta de espiritualidade por não ver o Pai através dele.

Não temos dúvida que Deus sempre tem e terá coisas boas para seu povo. Afinal faz muito mais do que pedimos ou pensamos. Acreditar que podemos ser edificados e até abençoadas nas mais improváveis situações, é imprescindível! Portanto, que a simplicidade, misericórdia e o amor de Deus não sejam confundidos com suposta omissão pelos dias difíceis que vivenciamos.



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