PODE ALGUMA COISA BOA VIR?
Alguns
fatores influenciam diretamente para absorvermos pessimismo e resistência aos motivadores
de plantão. Frases como: “Já vi esse filme antes”; “o mundo vai de mal a pior”;
“sou realista, nada vai mudar”; “sou macaco velho” ...; e tantas outras incontáveis,
denotam um sentimento de pouca expectativa positiva. Considerando que até mesmo
na adversidade pode-se extrair coisas boas, não seria oportuno avaliar o que de
útil existiu?”.
Por mais doloroso e repugnante que seja, conhecemos na pandemia políticos e militantes capazes de desejar ou mesmo propiciar a morte de compatriotas, inclusive desviando verbas destinadas a respiradores e afins em nome do poder e ganância. Tudo isso, estranhamente, sendo ignorado pelas mídias tradicionais; mais preocupadas na derrocada do governo. Enxergar a realidade, pensamos ser algo bom, assim como perceber uma oportunidade de nos conhecermos melhor.
O que torna as escrituras ainda mais admirável e única é o fato de renovarmos nosso entendimento a cada leitura! Há tempos que lendo essa passagem, só via a ausência de conhecimento do Filipe, semelhante àquele crente que não examina a Palavra. Embora, de fato, pelas profecias o Cristo não nasceria em Nazaré da Galiléia, mas em Belém da Judéia; conforme aponta o profeta Miquéias: “E tu, Belém Efrata, embora pequena demais pra figurar entre os milhares de Judá, sairá de ti para mim aquele que será o governante sobre todo Israel, cujas origens são desde a eternidade” (Mq 5.2); outros conceitos permeavam a visão do convidado.
A cidade de Nazaré não encontra um único registro no velho testamento.
Além do que, historicamente, sua reputação não era das melhores, assim como a
própria região da Galiléia. “Inocentando” um pouco Filipe, em momento algum ele
disse que o mestre havia nascido lá, mas sim que ele era de lá, ou seja, criado
lá. Certamente residiu por quase três décadas na região.
Teria o grande conhecimento bíblico de Natanael corroborado para rejeitar
o convite do amigo? Teria sido por puro preconceito daquele local? Não podemos
afirmar, mas Jesus expôs as virtudes daquele resistente convidado: “Eis um verdadeiro
israelita em quem não há dolo! ”(Jo1.47b). Não fora a insistência do Filipe,
talvez não fosse contado entre os doze.
A desconsideração ou banalização por certo convite pode se dar por vários
motivos. No caso mencionado na palavra, a expertise e a discriminação se
manifestam; enquanto muitos desprezam o chamado do Senhor ou de seus seguidores
pelo simples fato de se fecharem ao novo. O que também se caracteriza na
fidelidade religiosa; “nasci assim e vou morrer assim”, dizem. As decepções
também formam barreiras de oposição e resistência, bem como o descrédito para
com o mensageiro.
Não raramente, justificam: “Quem é você para me ensinar ou mostrar a
verdade, vivendo todo errado?” Como se a embalagem do presente fosse mais
importante que o conteúdo. O próprio apóstolo Paulo declarou: “Mas que importa?
Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em
verdade, nisto regozijo e me regozijarei ainda...” (Fil 1.18a). Noutro texto; “Olhando
para Jesus autor e consumador da fé...” (Hb12.2a).
Se analisarmos a trajetória de Filipe, perceberemos um servo inconstante ou de pouca maturidade. Em três episódios retratam suas características. Na multiplicação dos pães (Jo. 6), respondendo a Jesus depois que este, testando-os, ordenou que alimentassem a multidão; trazendo números em análise natural acerca da impossibilidade de atendê-lo. Noutro momento, procurando André, demostrando insegurança para levar alguns gregos que queriam ver Jesus (Jo. 12); e por último, no marcante discurso de preparação para despedida em João 14, ouvido o mestre ministrar sobre sua comunhão com o Pai, interrompe: “Mostra-nos o Pai, o que nos basta”; de imediato foi repreendido por Jesus atestando a falta de espiritualidade por não ver o Pai através dele.
Não temos dúvida que Deus sempre tem e terá coisas boas para seu povo. Afinal faz muito mais do que pedimos ou pensamos. Acreditar que podemos ser edificados e até abençoadas nas mais improváveis situações, é imprescindível! Portanto, que a simplicidade, misericórdia e o amor de Deus não sejam confundidos com suposta omissão pelos dias difíceis que vivenciamos.
Comentários
Postar um comentário