DEVEDORES SEMPRE

Talvez não seja um título muito atraente, afinal, ninguém gosta de estar devendo – com exceção dos caloteiros profissionais – mas, biblicamente, de fato, somos devedores. Devemos o amor uns aos outros conforme aduz em Rom. 13.8 (“A ninguém devais coisa alguma a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros”). , embora o contexto deste versículo ordene que devemos honrar nossas obrigações com os credores, pessoas físicas e jurídicas, é notório o ensino de que amar as pessoas é uma obrigação e uma forma de acertar as contas.
Contraímos dívida para com aqueles que foram instrumentos nas mãos de Deus para nos evangelizar e, sobretudo devemos, e muito, ao nosso Senhor Jesus. Na verdade sua morte de cruz fazia parte do plano de pagar as nossas dívidas ou culpas e retirar a legalidade do adversário sobre nós devido o pecado. Observe as palavras do apóstolo Paulo: “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Col.2.14). Em outra versão, ao invés da cédula diz: “Tendo cancelado o escrito da dívida”. Outrossim, no livro de Efésios 2.1 lembramos os favores imerecidos de Deus para conosco “Ele nos deu vida estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”.

Você pode estar se perguntando: Se Ele já nos deu vida, se já pagou a dívida por mim, então por que sou devedor?

Em primeiro lugar é bom compreender que o motivo pelo qual Deus investiu em nós, sacrificando seu único filho e ainda sabendo que muitos o rejeitariam foi devido seu grande amor. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.(João 3.16). E em segundo lugar nós que pertencíamos ao reino das trevas agora fazemos parte do reino de Deus. Todo reino tem que ter um rei ou governante, daí nos cabe servir ao nosso rei, não por ser o nosso patrão, mas aquele que comprou o meu passe, me tirando de um time sofrido e derrotado e sem qualquer perspectiva de sucesso para um vitorioso e com um ótimo futuro garantido. A expressão que o apóstolo Paulo usa não deixa dúvidas: “porque fostes comprados por um bom preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”(I Cor. 6.20).

Quando alguém que devemos perdoa as nossas dívidas, deixamos de ter aquela dívida e contraímos outra: A dívida de gratidão. Esta deve estar cravada em nosso coração como reconhecimento eterno. E a dívida é ainda muito maior quando temos a plena convicção que jamais poderíamos pagar.

Um certo viajante parou em uma praça em que comercializavam os escravos, os compradores observavam tudo,  a dentição, os braços fortes, a altura, o porte do escravo, tudo era levado em conta para adquirir um servo. Entretanto, havia um dentre os escravos que não era dos mais valorizados, porém, chamou a atenção do viajante que resolveu comprá-lo. O servo desceu da plataforma e foi acompanhar seu novo dono, este, porém, surpreendentemente, simplesmente disse ao escravo que poderia ir onde quisesse, pois a partir daquela hora estava livre. O servo feliz e espantado perguntou-lhe por que o havia libertado e seu comprador apenas sorriu cheio de compaixão.
Não satisfeito o servo lhe suplicou:
- Por favor, deixe-me servi-lo.
- Por que? Perguntou o comprador.
- Antes servia aos outros por obrigação, agora quero servi-lo por gratidão.  
Assim, constrangidos pelo amor de Deus, O sirvamos verdadeiramente gratos.            
Pr Ednilson Pedro Sobrinho

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