TRABALHO E RECOMPENSA

A única vez em que a recompensa vem antes do trabalho é no dicionário da língua portuguesa. Podíamos utilizar a famosa expressão “não há vitória sem lutas”, que é muito comum no meio evangélico, porém, infelizmente, a palavra luta está tão banalizada e deturpada que muitas pessoas que vivem no erro, para justificar o fracasso, atribuem simplesmente a um momento de provação, atraindo para si a piedade alheia.
Quando questionado acerca dos milagres que fazia no sábado, Jesus, certa feita, declarou: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). Existem alguns que pensam ser o trabalho castigo de Deus à humanidade devido ao pecado original. Esta confusão se dá ao atribuírem “no suor do teu rosto comerás o teu pão”, como se a partir daí o homem teria que trabalhar. Esclarecendo o fato, lembramos que, bem antes dessa condição humana,  no momento em que foi colocado no Jardim do Éden, o Senhor deu a primeira tarefa funcional ao homem, ou, como podemos dizer, a primeira profissão na terra, que foi a de administrador, e também com a função de ser um apontador, visto que idealizava e registrava os nomes de cada animal (Gen. 1.26 e 2.19). A grande diferença no período pós-queda, era que, agora, se fadigaria para desempenhar seu trabalho, e o mesmo teria de cuidar do campo - logo, também um agricultor.

No Culto de Consagração em gratidão ao Senhor pelos 7 anos desta denominação, 24 de maio, o Espírito Santo nos deu uma palavra concernente a essa consciência, ou seja, o esforço é o primeiro passo para as realizações. Não podemos interpretar mal a respeito das bênçãos do Senhor em nossa vida. Muitos são curados, libertos, transformados, e até conseguem grandes milagres pela misericórdia de Deus sem fazer coisa alguma. Exemplo bíblico, dentre outros, a viúva de Naim. Em Lucas 7 revela que sequer ela pediu socorro, porém, seu filho, que estava morto, foi ressuscitado pela compaixão do Cristo. Ser uma benção nas mãos do Senhor, ser usado por Ele, servir de coração, fazer a diferença, é bem diferente de uma graça recebida esporadicamente. O povo de Israel recebeu a promessa da Terra Prometida, Canaã lhe pertencia, porém tinha que enfrentar os gigantes daquele lugar e, sobretudo, ter coragem e fé.
Naquela manhã de domingo meditávamos em Prov. 14.4: “Não havendo bois o celeiro fica limpo, mas pela força do boi há abundância de colheitas.” O boi, para o agricultor da época, tinha grande utilidade. Puxava o arado para lavrar a terra, também carros diversos, levava grandes cargas, muitas vezes sacrificado, era útil para pisar o trigo separando-o da palha no processo da debulha, daí a expressão “Não atarás a boca do boi quando debulha” (Deut. 25.4). Esta passagem de Provérbios retrata os dois lados da vida, a opção que cada um tem mediante o que está disposto (a) a passar para obter vitórias. Sem o boi não haveria trabalho, consequentemente, o celeiro ficava limpo, não haveria preocupação de manutenção, não teria cheiro de ruminante, moscas, fezes, barulho, parasitas, o anun que o acompanha, enfim, sem qualquer incômodo, no entanto, também no celeiro não teria comida. Entretanto, como fazer o pão sem trigo? O boi era imprescindível. Mas, sem dúvida,  dava trabalho.

Celeiro limpo significa o lugar ocioso, local sem problemas. Sem propósitos, sem metas, sem agenda, sem futuro..., inútil. Como árvore sem fruto que ninguém taca pedras, não tem nada, está vazia, assim alguém que não se envolve verdadeiramente com o reino de Deus; não visita, tampouco evangeliza, não ora, não ensaia, ou mesmo não tem coragem de investir mais na sua vida secular; encarar um curso, colégio, uma faculdade, horas de estudo..., ela não quer se estressar. Muitas vezes o próprio adversário a deixa tranqüila, ao menos até o dia da prestação de contas, quando perceberá o que estava escrito em Malaquias: “Então, vereis outra vez, a diferença entre o que serve a Deus e o que não o serve” (3.18).

Quem trabalha fica exposto, é criticado, vigiado, desafiado, tem decepções, passivo de erros..., porém, colherá os frutos da sua dedicação. A Igreja do Evangelho de Cristo é alvo de acusações, calúnias, e muitas pedras, ela não é melhor que ninguém, senão apenas uma instituição representada por pessoas dispostas a pagar o preço para verem almas salvas e transformadas pelo poder de Deus. Aprendemos a orar diariamente, abençoar vidas – espiritualmente e materialmente – jejuar, pregar, ter comunhão e, sobretudo, a confiar no Senhor. Devemos estar cônscios, pois a recompensa vem após o trabalho, ainda que por vezes semeando e chorando. Além da alegria de ver o agir do Senhor, diz as Escrituras: “Por que Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciaste para com o seu nome, pois serviste e ainda servis aos santos”(Heb.6.10).
          
                                                                                                                      Fraternalmente,
Pr Ednilson Pedro Sobrinho

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