O DETERMINADO

Até que ponto os outros ou as circunstâncias determinam sua vida?
O que você está disposto a fazer para mudar?
A vida do profeta Eliseu, cujo nome significa “Deus é salvação”, tem muitos ensinamentos que certamente edificarão a nossa. No livro de Eclesiastes encontramos a seguinte expressão: ”Quem somente observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará.” (Ec. 11.4).
O chamado do Senhor na vida de Eliseu ocorreu em um momento crítico que passava Elias. Podemos dizer que o profeta Elias estava já de aviso-prévio, isto devido à seqüência dos fatos que seguiram. Em 1 Reis 19 relata a imagem de um guerreiro cansado da jornada. Vencera quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas do poste-ídolo, íntimos de Jezabel (1Rs 18.19). Orou a Deus para que chovesse e foi atendido; já duravam três anos e meio aquela seca. Talvez imaginasse ter conquistado definitivamente o coração de Acabe e sua perversa esposa - totalmente equivocado. Temendo, fugiu para tentar salvar sua vida. Chegou pedir sua morte. Questiona a sua luta e seu ministério profético. Considera-se “o último dos moicanos”, o único fiel, a vítima. Assim, Deus desiste dele e ordena-lhe que procure o seu substituto – Eliseu, filho de Safate.
Atrás da décima segunda junta de bois, encontrava-se Eliseu. Lavrador acostumado com o trabalho duro, submisso, carinhoso com a família..., uma pessoa de coragem. Afinal, acompanhar o inimigo número 1do rei de Israel não era uma tarefa muito fácil. Entretanto, seu próprio mestre e senhor não parecia tê-lo chamado de bom grado. A compararmos com algumas duplas que tiveram sucesso, Elias e Eliseu parecem destoarem das demais, sequer demonstravam afinidade, isto é, Eliseu não contava com a boa vontade do seu líder. Seguem alguns exemplos que tiveram uma transição amistosa: Moisés/Josué, Elí/Samuel, Paulo/Timóteo, dentre outros pares. Definitivamente, não foi muito agradável o chamado de Eliseu, embora Deus tivesse mandado o profeta ungir o sucessor, este somente lançou seu manto sobre ele. O escritor relata que simplesmente Eliseu seguia a Elias e o servia (1Rs19.21)
A fase final de Elias foi marcada por desgraças e mortes: profetiza a morte de Jezabel, Acabe e seu filho Acazias, e ainda sentencia dois capitães e cem soldados a perecerem pelo fogo. O profeta sabia que estava findando sua carreira, teria que, no mínimo, se despedir das Escolas de Profetas, ou dá-lhes as últimas orientações.
Partiu de Gilgal, que significa círculo de pedra - há anos atrás o rei daquela cidade foi derrotado por Josué (Js 12.23). Estranhamente, Elias rejeita a companhia do  discípulo Eliseu, mas este estava determinado a seguir o rude eremita. Segunda escala, Betel (casa de Deus) - curiosamente, o primeiro registro desse lugar na Bíblia é o local que parou Jacó quando fugia do seu irmão Esaú, aquele que enganara, e neste lugar dormira em um travesseiro feito de pedras (Gn 28.11) - mais uma vez o discípulo é preterido, e, como anteriormente, reluta. Desta vez, além da reprovação de Elias, os discípulos dos profetas que estavam naquela cidade anunciaram-lhe a separação de ambos. Penúltima parada, Jericó (lugar de fragância). Embora o nome tivesse um bom significado, não eram boas as lembranças daquele lugar, visto que lá o muro de pedras veio abaixo e Josué proferiu maldição a quem reedificasse a cidade – fato consumado (1Rs 16.34). E mais um pequeno detalhe, os indigestos discípulos dos profetas também estavam lá. Pela terceira vez, o “teimoso” Eliseu desobedece a Elias, não aceitando a ordem que ficasse ali, e usando a mesma expressão das outras vezes: Tão certo como vive o Senhor e vive a tua alma, não te deixarei.
Era um obstinado, pronto para ir a qualquer parte que fosse o seu senhor. Não entrou voluntariamente no seminário, não estava em busca de um emprego, não aproveitou a carona ou nome do seu pai, sem dúvida, uma jornada de pedreira. Porquanto, à luz das Escrituras, aquele que não é provado não pode ser aprovado. Paulo não contra indica o episcopado, porém, assevera o conditio si ne qua non para tal em 1Tm3.1-7): ser irrepreensível,esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar, não dado ao vinho, não violento, não contencioso, não avarento, prudente, ser um bom exemplo na sociedade, não neófito, e, principalmente, que governe bem a própria casa, criando filhos sob disciplina e respeito. Ufa! Se os cursos de obreiros ou seminários iniciassem expondo estes princípios aos postulantes a ministros, talvez reduzisse consideravelmente o número de inscritos.
Retornando a Eliseu, agora estava chegando o momento final, o Jordão era a próxima etapa. Elias engolia a presença de Eliseu ao seu lado, e a platéia de cinqüenta homens estava atenta. Eliseu observava cada detalhe, inclusive o uso do manto para abrir as águas milagrosamente. Passaram ambos à seco e, finalmente, Eliseu ouve a palavra tão esperada do seu mestre: “Pede-me o que queres que eu te faça antes que seja tomado de ti.” A resposta é rápida e direta – porção dobrada. O profeta  critica, não lhe garante o pedido, tampouco despede-se ou entrega-lhe algo como lembrança de transição, ao contrário, desaparece.
Aqui, a pior parte da caminhada do discípulo, ele está só – se é certo considerar seu instrutor um parceiro. Não que Elias deixasse de ser um servo de Deus, as suas obras estavam registradas diante do Senhor, alcançaria a glória de não conhecer a morte.  No entanto, talvez pelo desgaste ou pelo aviso-prévio não foi o paizão que Eliseu esperava. A única herança material que recebera não lhe foi entregue, mas por descuido caíra no chão, o manto de Elias.
Retrocedendo, compreendemos 3 etapas daquele manto: A primeira, ele foi lançado sobre Eliseu, isto é, seu chamado. A segunda etapa, o manto estava caído no chão, isto é, oportunidade. E a terceira, o manto estava nas mãos de Eliseu, agora o poder de Deus estava na sua vida, chegou a hora! Conquiste!
Eliseu feriu as águas que se dividiram, tal qual seu sucessor fizera. Seu primeiro milagre após cruzar o Jordão foi transformar a água (Cristo também principiou assim seus milagres, só que as transformou em vinho). O produto que colocou na água para transformar em águas saudáveis foi sal - discípulo verdadeiro tem que salgar. Finalizando, participou do dobro dos sinais realizados no ministério de Elias. Não foi arrebatado, porém, estando morto na cova deu vida ao cadáver lá lançado, havia virtude até nos ossos daquele determinado.
Fraternalmente,
Pastor Ednilson Pedro Sobrinho

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